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Por Redação O Sul | 23 de julho de 2022
Mísseis russos atingiram o porto de Odessa, no sul da Ucrânia, neste sábado (23), disseram militares ucranianos. O ataque ocorre um dia após os países terem assinado um acordo para desbloquear as exportações de grãos dos portos do Mar Negro.
O acordo entre assinado na última semana entre Moscou e Kiev e mediado pelas Nações Unidas e pela Turquia foi saudado como um avanço após quase cinco meses de combates
Dois mísseis russos Kalibr atingiram a infraestrutura do porto de Odessa, enquanto outros dois foram abatidos pelas forças de defesa aérea. Os mísseis foram disparados de navios de guerra no Mar Negro, perto da Crimeia.
“O ataque foi realizado exatamente onde os grãos estão”, disse Yuriy Ignat, porta-voz da força aérea ucraniana.
Um porta-voz militar do sul da Ucrânia afirmou que o ataque não causou danos significativos à infraestrutura do porto.
O ministro da Infraestrutura ucraniano, Oleksandr Kubrakov, disse, por sua vez, que o país continua se preparando para retomar as exportações de grãos apesar dos ataques.
“Continuamos os preparativos técnicos para o lançamento das exportações de produtos agrícolas de nossos portos”, escreveu Kubrakov no Facebook.
Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse em vídeo postado no Telegram que o ataque demonstra que Moscou encontrará maneiras de não implementar o acordo.
Uma declaração do Ministério da Defesa russo neste sábado descrevendo o andamento da guerra não mencionou nenhum ataque em Odessa. O ministério russo não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.
ONU condena ataque
O pacto assinado em Istambul é o primeiro grande acordo entre as partes em conflito desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro e busca ajudar a amenizar a fome que, segundo a ONU, afeta 47 milhões de pessoas a mais devido à guerra.
A Ucrânia se recusou a assinar diretamente o mesmo documento com a Rússia, então ambos os países assinaram acordos idênticos separados com a Turquia e a ONU, na presença de Guterres e Erdogan, no Palácio Dolmabahce de Istambul.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, “condenou inequivocamente” os ataques relatados, disse um porta-voz, acrescentando que todas as partes se comprometeram com o acordo de exportação de grãos.
“Esses produtos são desesperadamente necessários para enfrentar a crise alimentar global e aliviar o sofrimento de milhões de pessoas necessitadas em todo o mundo”, disse o porta-voz Farhan Haq em comunicado.
O acordo entre os dois países é visto como crucial para conter o aumento dos preços globais dos alimentos, permitindo que as exportações de grãos sejam enviadas de portos do Mar Negro.
“Hoje há um farol no Mar Negro, um farol de esperança, um farol de alívio”, disse Guterres pouco antes da assinatura. Erdogan, peça-chave na negociação, disse esperar que o acordo “reviva o caminho para a paz”. Antes de assinar, a Ucrânia alertou que daria “uma resposta militar imediata” se a Rússia violasse o pacto e atacasse seus navios ou invadisse seus portos.
O presidente ucraniano Volodimir Zelensky afirmou que a ONU deve garantir o cumprimento do acordo, que inclui o trânsito de navios com cereais ucranianos por corredores seguros para evitar minas no Mar Negro.
Até 20 milhões de toneladas de trigo e outros grãos estão bloqueados nos portos ucranianos, especialmente Odessa, por navios de guerra russos e minas colocadas por Kiev para evitar um ataque anfíbio. Zelensky estima o valor dos estoques de grãos da Ucrânia em cerca de US$ 10 bilhões.