Quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 13 de agosto de 2025
Dezenas de moradores começaram a informar bloqueios e fechamentos de ruas no bairro ao mesmo tempo.
Foto: FreepikNa era da geolocalização e da navegação instantânea, uma tática engenhosa colocou em xeque o aplicativo de mapas mais usado do mundo: o Google Maps. Na pequena cidade costeira de Zandvoort, na Holanda, especificamente no bairro Parkbuurt, seus moradores encontraram uma solução radical e tecnológica para o problema do turismo em massa: “fechar” suas ruas digitalmente.
O turismo, embora seja uma fonte de renda para muitas localidades, também traz consequências indesejadas para os moradores. Assim como nos campos de lavanda de Brihuega ou nos jardins de tulipas de Keukenhof, o Parkbuurt em Zandvoort ficou sobrecarregado pela afluência de visitantes, especialmente nos fins de semana. O principal problema: a impossibilidade de estacionar. As ruas ficam cheias de carros, tirando espaço dos moradores, que, cansados da situação, decidiram agir.
Operação Parkbuurt
A chave da estratégia deles está em uma função básica do Google Maps: a possibilidade de reportar incidentes de trânsito. Um único reporte não faria efeito, mas organizados, dezenas de moradores começaram a informar bloqueios e fechamentos de ruas no bairro ao mesmo tempo.
O aplicativo, ao receber um volume suficiente dessas notificações, as validou e começou a mostrar as ruas da área residencial Parkbuurt como bloqueadas ou fechadas ao trânsito. O resultado foi imediato: os visitantes eram desviados para outras regiões, buscando rotas alternativas fora do bairro, segundo relata o NH Nieuws.
Os moradores do Parkbuurt afirmam que essa é uma medida pacífica para pressionar a prefeitura a tomar providências. Eles só aplicam essa tática nos fins de semana ou em dias com muitos visitantes, deixando as ruas “abertas” digitalmente no resto da semana. O objetivo é que o município tome medidas efetivas contra o excesso de turismo e a falta de estacionamento.
O lado duplo da tecnologia
No entanto, essa tática não está isenta de polêmica. Gert-Jan Bluijs, vereador do município, declarou estar “muito irritado” com a situação. A principal crítica é que, embora resolva o problema em Parkbuurt, gera “mais caos” e “problemas de trânsito” em bairros vizinhos.
Como resposta, a prefeitura de Zandvoort optou por colocar placas nas entradas da cidade pedindo que os visitantes “desativem o Google Maps” e sigam as sinalizações nas ruas para encontrar estacionamento. O porta-voz municipal também confirmou que estão em conversas com o Google para remover as informações sobre os bloqueios falsos.
O caso de Zandvoort não é isolado e revela o lado duplo dos aplicativos de navegação. Embora possam ser ferramentas úteis para desviar o trânsito, também podem causar o problema: na Holanda, perto dos jardins de tulipas de Keukenhof, algo parecido aconteceu há alguns meses.
Em Barcelona, foi eliminada uma rota de ônibus do Google Maps para evitar o colapso por turistas, o que melhorou aquela linha, mas causou a saturação de outras. Em maio deste ano, falsos relatos de bloqueios em rodovias alemãs levaram a congestionamentos reais causados por bloqueios que existiam só no Google Maps, um “miragem” que gerou caos desnecessário.
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