Quinta-feira, 20 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2018
Moradores do prédio conhecido como “Caracu”, vizinho ao imóvel que desabou na madrugada de terça-feira (1), no Centro de São Paulo, afirmam que seguem bancando os custos da moradia, interditada desde a tragédia, e criticam a falta de assistência da prefeitura.
É o caso da costureira Laíza Martins, que mora no quinto andar do edifício. Ela terá de pagar nesta segunda-feira (7) R$ 1,2 mil de aluguel do imóvel que não sabe se poderá voltar a viver. Laíza conta que retirou do local apenas itens de necessidade imediata e, enquanto aguarda posicionamento da gestão municipal, acumula prejuízos.
“Tiramos roupa, documentos e a insulina porque sou diabética. Hoje tirei lixo porque a geladeira está desligada e estragou tudo”, revela.
Na tarde de sábado (5), em nota, a prefeitura afirmou que 178 famílias estavam sendo atendidas. Dessas, 97 eram moradoras do prédio que desabou e 81 de edifícios interditados. O texto diz ainda que as famílias deverão assinar os termos de adesão ao auxílio-moradia emitidos para recebimento do benefício e saque a partir da próxima semana.
A costureira reside, por ora, na casa de uma amiga. “Vamos ficar lá até essa coisa se resolver. A imobiliária diz que só quando o laudo técnico sair vai liberar outro apartamento para gente. A prefeitura até agora não procurou ninguém. No sábado, teve um cadastramento que eles informaram que iam pegar os dados e era para esperar eles ligarem, mas de imediato, nada”, ressalta.
Moradora do “Caracu” há 30 anos, Ivete Dias também reclama da falta de assistência da Prefeitura até o momento. “Tem gente que estava dormindo na rua. Se não fosse nós moradores para arranjar algum lugar, estariam ao Deus dará”, diz.
De acordo com Ivete, a gestão municipal apenas solicitou o cadastramento e pediu informações dos moradores. “Fizeram alguma coisa? Eu particularmente vejo que não. Até agora, só promessa. Desde o começo, como você pode verificar aqui, não temos assistência nenhuma.”
Curto-circuito
As investigações da Polícia Civil identificaram que um curto-circuito causou o incêndio do prédio que, cerca de uma hora depois, desabou no Largo do Paissandu.
Em entrevista concedida na área onde os bombeiros fazem o rescaldo do acidente, o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho revelou que, segundo as apurações, o curto-circuito aconteceu em uma tomada de um dos cômodos do quinto andar do edifício Wilton Paes de Almeida. O secretário informou que três aparelhos domésticos estavam ligados na tomada: um micro-ondas, uma geladeira e uma televisão.
“Não foi uma briga de casal, nada disso”, disse Mágino, rechaçando as primeiras hipóteses levantadas após o acidente de que o incêndio teria sido causado após a explosão de um botijão de gás ou de uma panela de pressão sequente a uma briga entre moradores. “O que aconteceu foi a fatalidade. Em um prédio que tinha diversas irregularidades, essa tomada ligava três aparelhos e terminou vitimando essa família que ocupava esse cômodo”, afirmou.
O secretário informou que, no local, morava uma família de quatro pessoas: um homem, uma mulher e duas crianças. A mãe deixou o prédio com um bebê de colo e prestou depoimento. Já o pai se feriu ao tentar socorrer a outra criança, de 3 anos. A filha está internada em estado grave na Santa Casa de São Paulo. O pai está no Hospital das Clínicas e teve dois terços do corpo queimados, mas segundo Alves Barbosa Filho, está em situação “aparentemente melhor do que a criança”.