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Por Redação O Sul | 27 de agosto de 2017
O sambista Wilson das Neves morreu, na noite de sábado (26), aos 81 anos, no Rio de Janeiro. Ele lutava contra um câncer e estava internado em um hospital na Ilha do Governador. Conhecido e saudado no meio artístico pelo bordão “ô sorte”, Das Neves era baterista, instrumentista, compositor e cantor.
“É com grande pesar que comunicamos a todos a partida do nosso grande mestre que foi tocar suas baquetas do outro lado. Ficaremos com as boas lembranças”, diz comunicado postado nas páginas oficiais do sambista no Facebook e no Instagram.
Diversos artistas prestaram homenagem a Wilson das Neves, como Chico Buarque, com quem ele tocava bateria desde 1982, e Zeca Pagodinho, que o chamou de “um dos mais importantes músicos brasileiros”. A escola de samba Império Serrano declarou luto oficial de três dias.
Wilson das Neves nasceu no Rio de Janeiro, começou a carreira profissional aos 18 anos e participou de cerca de 800 discos com grandes nomes da música brasileira, como Elza Soares, Roberto Carlos e Elis Regina. Em 1996, o artista se lançou como cantor com o aclamado álbum “O som sagrado de Wilson das Neves”. Nesse disco, Das Neves apresentou “O samba é meu dom” – parceria com Paulo César Pinheiro que se tornou um clássico com o passar dos anos – e gravou com Chico Buarque, parceiro e convidado da música “Grande hotel”.
De lá para cá, foram mais três álbuns – “Brasão de Orfeu” (2004), “Pra gente fazer mais um samba” (2010) e “Se me chamar, ô sorte” (2013) – como cantor e compositor, parceiro de bambas como Nelson Sargento, Aldir Blanc, Chico Buarque e o recorrente Paulo César Pinheiro.
O sambista cresceu no bairro de São Cristóvão e era integrante da Velha Guarda da Império Serrano. Foi sua paixão pela escola de samba de Madureira que lhe rendeu o bordão “Ô sorte!’’– cunhado quase como uma filosofia de vida, em uma referência à expressão criada pelo sambista Roberto Ribeiro quando soube que Das Neves, como ele, era Império Serrano.
A história de vida e a carreira de Wilson das Neves inspirou escritores e cineastas. No ano passado, foram lançados o livro “Memórias de um Imperador. Ô sorte. Uma breve biografia do sambista Wilson das Neves’’, do professor de História curitibano Guilherme de Vasconcelos, e o documentário “O samba é meu dom’’, do produtor mineiro Alexandre Segundo Castro de Souza.