Quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2017
O motorista Sebastião Ferreira da Silva, também conhecido como “Ferreirinha”, relatou ter transportado o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine junto com sacolas de dinheiro repletas de notas de 100 reais. O fato teria ocorrido na época em que ele trabalhou na instituição financeira.
Bendine está preso no âmbito da Operação Cobra, 42ª fase da Operação Lava-Jato, sob a acusação de ter pedido e recebido propinas da empreiteira Odebrecht que totalizam ao menos 3 milhões de reais. De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), o montante foi repassado mediante três entregas de dinheiro em espécie, cada uma de 1 milhão de reais, em São Paulo.
Esses pagamentos foram realizados nos dias 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho de 2015 pelo Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht. Informalmente conhecida como o “setor de propinas” da empreiteira, a unidade interna da empresa era responsável pelo pagamento de vantagens indevidas a políticos e agentes públicos.
Pressão
Os integrantes da força-tarefa suspeitam que o pedido inicial do executivo tenha sido de 17 milhões de reais, quando ele ainda comandava o Banco do Brasil. Os executivos da Odebrecht, porém, relataram a recusa em realizar um repasse desse porte.
Já em 2015, quando estava à frente da Petrobras, Bendine teria feito novas cobranças para “evitar que a Odebrecht fosse prejudicada” em contratos com a estatal, em decorrência da Lava-Jato, que já estava em andamento. Nesse momento, o pedido de propina acabou sendo atendido – na lista de propinas da empreiteira, o executivo era identificado com o codinome “Cobra”, motivo pelo qual a Operação que o colocou na cadeia foi batizada.
Em 2014, o executivo já era investigado por enriquecimento ilícito e Ferreirinha alegou ao Ministério Público Federal, na condição de testemunha de acusação, que Aldemir Bendine recorreu ao seu serviço de motorista para fazer pagamentos em espécie. Ele também contou que, certa vez, viu o então presidente da instituição financeira com uma sacola de dinheiro “recheada com notas de cem reais”.
Além de relatar ter sido alvo de processo criminalmente por Bendine (em razão de seus depoimentos), Ferreirinha mencionou o fato de ter sido fortemente pressionado por Bendine – por meio de seu porta-voz – a não depor, com a promessa de que depois conseguiriam outro emprego para ele.