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São Tomás de Aquino

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Naqueles momentos em que precisamos agradecer a uma plateia ou mesmo a um grupo de pessoas em situações de relevância e com algum protocolo, normalmente faltam-nos palavras para expressar a gratidão de forma compatível com a importância do momento.

Ficamos sem saber como poderia ser um agradecimento mais eloquente e contundente. Parece-nos que, ao dizer apenas o nosso simplório:

– Muito obrigado.

Soa como tão pouco. Mas acredite: é justamente o contrário!

“Obrigado” é muito! É poderoso, profundo e, mais ainda, único no mundo.

No Tratado da Gratidão, São Tomás de Aquino descreveu de forma única que a gratidão está dividida em três níveis.

O primeiro nível é o agradecimento formal, superficial e racional.

O segundo é o nível intermediário da gratidão, quando retribuímos com uma “graça” aquilo que fizeram por nós.

E o terceiro é o mais profundo nível de gratidão: o vínculo, o comprometimento com a outra pessoa ou com o grupo com quem estamos interagindo, reconhecendo uma forte união.

Vejamos como isso se dá em outras línguas. No alemão, “Zu danken”, ou no inglês, “Thank you”, ambos se mantêm no nível mais superficial, o da formalidade.

Já na maioria das línguas europeias, o agradecimento situa-se no nível intermediário da gratidão.

Os franceses dizem “Merci”, que significa “dar uma mercê” ou um “mimo” como forma de agradecimento.

Os italianos dizem “Grazie” e os espanhóis, “Gracias”, que em ambas as línguas significam “dar uma graça”. Trata-se de uma lembrança, um presente, um gesto que simboliza reconhecimento por algo que nos beneficiou.

Mas é somente na língua portuguesa que se agradece no terceiro nível: o mais profundo da gratidão.

Quando dizemos:

– Obrigado!

Nosso “obrigado” quer dizer exatamente isso: sinto-me obrigado a retribuir o carinho, a atenção ou a gentileza recebida.

Ao dizer “obrigado”, ficamos comprometidos, vinculados, unidos às pessoas a quem estamos agradecendo.

E é por este motivo, e nenhum outro, que ao dizer “muito obrigado”, expressão aparentemente simples, estamos, na verdade, manifestando o nível mais profundo da gratidão.

A língua portuguesa, às vezes tão maltratada e desvalorizada por nós mesmos, nos reservou este presente surpreendente.

Muito obrigado, São Tomás de Aquino, por esta deferência única à nossa língua.

Muito obrigado pela leitura.

Rogério Pons da Silva
Jornalista e empresário
rponsdasilva@gmail.com

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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