Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2016
Em 2009, uma jovem egípcia de 18 anos, Ghadeer Ahmed, mandou um vídeo para o namorado pelo celular. O clipe mostrava ela dançando na casa de uma amiga. Não havia nada de pornográfico nele, mas Ghadeer estava usando um vestido de alça e curto e dançando sem qualquer inibição.
Três anos depois, para se vingar do fim do relacionamento, seu agora ex-namorado publicou o vídeo no YouTube, deixando a jovem entrou em pânico. Ela sabia que toda a situação – a dança, o vestido, o namorado – seriam totalmente inaceitáveis para seus pais e vizinhos e para uma sociedade que exige que mulheres cubram seus corpos e se comportem com modéstia.
Nos anos após ter enviado o vídeo, Ghadeer se envolveu na revolução egípcia, deixando de cobrir o rosto com um hijab e defendendo os direitos das mulheres. Revoltada que um homem havia tentado humilhá-la publicamente, ela acionou a Justiça. Apesar de ter conseguido condenar o ex-namorado por difamação, o vídeo permaneceu no YouTube, e Ghadeer se viu atacada nas redes sociais por homens que a criticavam por seu ativismo e diziam que ela queria corromper os jovens.
Em 2014, cansada desse tipo de abuso e de se preocupar com quem poderia ver as imagens, a moça tomou a uma decisão corajosa: publicou o clipe em seu perfil no Facebook. No post, dizia que estava na hora de parar de usar o corpo feminino para envergonhar ou silenciar mulheres. “Vejam o vídeo”, disse ela. “Sou uma boa dançarina. Não tenho motivo para sentir vergonha.” (BBC)