Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de outubro de 2015
Uma mulher que foi anestesiada e operada por uma criança de 11 anos receberá uma indenização do Serviço de Saúde da cidade de Iquique, no norte do Chile, onde em 2006 foi submetida a uma intervenção cirúrgica que a deixou com graves lesões. Miriam Briceño Montaño, operada por uma patologia no túnel cárpico da mão direita há nove anos, receberá 50 milhões de pesos chilenos (cerca de 280 mil reais) pelas sérias lesões que sofreu após ser operada por um médico que foi auxiliado por seu filho menor de idade.
Briceño, que após a operação sofreu a perda total da mobilidade na mão, denunciou que o cirurgião Olmedo Valencia realizou a cirurgia junto a seu filho mais novo, que lhe injetou a anestesia e inclusive lhe fez uma incisão com um eletrobisturi. “O médico preparou a seringa e a passou para uma criancinha. O menino perguntou “tudo, papai?” e o pai lhe disse que sim. Então me injetou a anestesia na mão, um pouco mais abaixo do punho”, contou a indenizada.
Briceño disse que ao término da operação o médico, de nacionalidade colombiana, a felicitou pelo comportamento que teve durante o procedimento.
“Não como a velhinha de antes, que chorava tanto”, completou o menino, em um diálogo que segundo Jenny Aliaga, advogada de Briceño, era próprio de dois colegas de profissão.
Segundo a decisão adotada pela Suprema Corte chilena, se deu por estabelecida a “falta de serviço” e se determinou a existência da relação de causalidade entre aquela e o dano provocado.
Além disso, a decisão ressalta que o traumatologista deveria ter realizado a cirurgia “sem a participação de seu filho menor de idade”.
A mulher não foi a única que revelou a ativa participação do menor de idade em uma operação de Valencia; em 2008 um guarda de segurança chileno também denunciou a presença do menino na sala de cirurgia como ajudante de seu pai.
“O médico fez o corte e começou a operar, depois com uma pinça a criança movimentou os tendões e no final o pequeno também me costurou a mão e perguntava ao pai se estava ficando bem”, afirmou naquela época Esteban Gómez Barrios ao jornal “La Estrella”, de Iquique.
O chileno, que também denunciou a perda da mobilidade do dedo operado, garantiu que, além do cirurgião, na sala de cirurgia havia uma enfermeira e a criança, que da mesma forma que seu pai utilizava luvas, avental e máscara.