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Geral Mulheres confirmam acusações contra o médico Renato Kalil ao depor à polícia e ao Ministério Público

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A defesa do médico diz que “aguarda com tranquilidade a apuração, que irá comprovar a improcedência das denúncias”. (Foto: Reprodução)

O Ministério Público e a Polícia Civil de São Paulo já ouviram duas mulheres que acusaram o ginecologista e obstetra Renato Kalil de assédio moral e de abuso sexual, depois de a influenciadora Shantal Verdelho ter dito que sofreu violência obstétrica no parto comandado pelo médico. Os depoimentos não devem resultar em acusações diretas, porque são relacionados a crimes que ou prescreveram ou não eram tipificados na época em que teriam sido realizados. Mas podem ajudar a delinear um comportamento do obstetra, à medida que as investigações avancem. Uma nova denúncia de violência obstétrica contra o médico foi feita à imprensa, pela psicanalista Isadora Garavento.

A bancária Letícia Domingues depôs na Delegacia da Mulher de Jaguaré, na Zona Oeste de São Pauo, e reafirmou ter sido violentada em 1991. A jornalista britânica Samantha Pearson foi ouvida pelas duas promotoras que instauraram um procedimento de investigação criminal na Promotoria de Enfrentamento à Violência de Gênero, Doméstica e Familiar contra a Mulher sobre os comentários que ouviu sobre seu corpo e a humilhação que disse ter sofrido quanto examinada pelo médico.

Em nota, Kalil considerou a denúncia de Letícia e de Monica Scaldaferri, que o acusou de assédio sexual em 1993, após um parto traumático, de “histórias fantasiosas” e estranhou os relatos terem vindo à tona “30 anos depois”. Kalil já havia negado violência obstétrica no parto de Shantal, afirmando que as denúncias são baseadas em trechos do vídeo do parto, que teria sido feito sem problemas, tirados do contexto. Em relação às acusações de Samantha e de Isadora, a defesa do médico mantém o posicionamento de que “aguarda com tranquilidade a apuração, que irá comprovar a improcedência das denúncias”.

Letícia depôs por aproximadamente quatro horas na quarta-feira. A bancária de 48 anos afirmou que se sentiu aliviada, “como se um grito há muito tempo preso tivesse, finalmente, extravasado”.

“Mexeu muito comigo, foi bem doloroso relembrar tudo. A delegada, apesar de todo o respeito, fez perguntas que a gente nem imagina, como: com qual mão ele segurava o pênis? Como estava amarrado o meu roupão? Teve uma hora que comecei a chorar e precisei tomar um rivotril. Mas quando cheguei em casa e coloquei a cabeça no travesseiro, me senti aliviada”, relata.

O temor da bancária agora é que os crimes de que acusa Kalil fiquem impunes, por serem considerados prescritos 12 anos após o ocorrido, segundo o Código Penal: “Isso me dá raiva, porque só eu fui penalizada até agora. Eu só quero justiça e vou correr atrás disso até o fim.”

De acordo com a advogada criminalista Izabela Borges, apesar de os crimes de Letícia terem em tese a validade, devem ser relatados ao Ministério Público, para que um estudo detalhado confirme se não é possível fazer algum tipo de acusação na Justiça.

“É importante lembrar que a análise minuciosa para a integral compreensão dos casos apenas é possível a partir do estudo detalhado dos relatos das vítimas. É imprescindível que busquem o Ministério Público e seus advogados para estudarem como proceder em cada caso”, recomenda.

“Foi muito bom falar com elas, me deixou mais tranquila e com a sensação que fiz a coisa certa”, disse Samantha, correspondente no Brasil do jornal The Wall Street Journal, depois de depor no Ministério Público de São Paulo.

Samantha disse que as promotoras explicaram que existe no Brasil o crime de violência psicológica contra mulheres que se encaixaria em relatos como o da jornalista. Mas foi tipificado depois do episódio narrado por Samantha.

“O que aconteceu comigo foi em 2019, antes desta lei. Me falaram como é importante que qualquer mulher que sofreu algo dessa natureza fale. Sei que não é fácil, mas assim nos sentimos menos sozinhas”, declarou Samantha. “Me sinto melhor, sinto que tirei uma coisa de mim que enterrei, e o apoio tem sido incrível. Tanto de pessoas que me conhecem, como de pessoas que nunca conheci. Mulheres, mas homens também.”

O depoimento da psicanalista Isadora Garaventa, de 37 anos, à revista Crescer, foi de violência obstétrica que teria ocorrido há seis anos. Isadora disse que Kalil realizou um parto normal com episiotomia, teria dado o chamado “ponto do marido” após a cirurgia e chamado o ex-companheiro da psicanalista para ver que, apesar de ter dado à luz, ela estava “virgem de novo”.

“Ele disse: ‘Olha aqui que lindo, está virgem de novo. Tá vendo, gostou assim? Está bem pequenininho’”, acusou.

Isadora disse que no pré-natal já se incomodava com o comportamento do obstetra, que comentava assuntos íntimos de outras pacientes que ela conhecia, dizendo quem estava com doença sexualmente transmissível, quem queria fazer aborto e quem não costumava pagar a conta. A psicanalista diz que procurava ignorar os comentários, pois o ginecologista foi o responsável por realizar sua fertilização in vitro e ela não conseguiu procurar outro médico para acompanhá-la.

A escolha de um novo ginecologista só aconteceu cerca de um ano e meio após o nascimento da filha, depois de passar mal com o uso de implantes hormonais indicados por Kalil, segundo Isabela. Ela relatou pensar ter seis implantes funcionando, mas ao passar mal e realizar exames, descobriu que eram mais de 10: “Era uma dosagem bizarra. Eu estava toda inchada, não conseguia dormir, estava nervosa, só chorava.”

Com mais de 35 anos de carreira, o obstetra Renato Kalil, de 60 anos, afirma já ter feito mais de 10 mil partos. Ele é formado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. As informações são do jornal O Globo.

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