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Mundo Mulheres fogem da violência dos homens e constroem a sua própria cidade

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Comunidade valoriza e promove os direitos das mulheres. (Foto: Reprodução)

As casas de tijolo cinza têm um ou dois andares. São 98: algumas por pintar, outras já coloridas. Foram construídas por mulheres, com suas próprias mãos, há cerca de dez anos.

Elas pertencem à LMD (Liga de Mulheres Deslocadas), uma organização de vítimas que nasceu há cinco anos na Colômbia. Todas tiveram que deixar seus vilarejos de origem por causa da violência, do conflito de mais de 50 anos que castiga o país. O confronto entre guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita e forças do Estado deixaram mais de 220 mil mortos e mais de 6 milhões de deslocados, segundo dados oficiais.

As casas foram erguidas ao longo de ruas estreitas com flores e árvores, em um subúrbio do município de Turbaco, ao sul da turística Cartagena. Elas são o orgulho de suas donas, as habitantes deste bairro que leva o nome de Cidade das Mulheres.

“Colocaram dificuldades, [disseram] que não éramos capazes, mas provamos que sim, éramos capazes e estas casas foram feitas por nós”, disse Everlides Almanza, de 59 anos.

Sobreviventes.
A vida das mulheres da LMD foi marcada pela violência. “Todas as mulheres da organização haviam sofrido de alguma forma um abuso sexual”, afirma Patricia Guerrero, uma advogada que cresceu em Bogotá e mais tarde se mudou para Cartagena, onde conheceu algumas das mulheres que depois formariam a LMD.

Quando Patricia conheceu as primeiras delas, há cerca de 16 anos, elas viviam em condições de extrema pobreza em bairros miseráveis em Cartagena, onde haviam chegado deslocadas, em muitos casos com suas famílias. Ajudou-as a se organizarem, encontrou um lote de terra para que fizessem suas casas, sua cidade, e buscou, fora da Colômbia, os fundos para edificá-las. Conseguiu dinheiro do Congresso americano, do programa de ajuda exterior dos EUA, USAID, e de cooperação espanhola.

Mas estabelecer sua própria comunidade não foi fácil. Elas receberam ameaças, o centro comunitário que ergueram foi incendiado (e depois reconstruído), colocaram cadáveres nas terras que elas cultivavam para intimidá-las e o companheiro de uma delas foi assassinado enquanto cuidava da fábrica de tijolos com que levantaram as paredes das casas.

Feminicídio.
“Os grupos armados entravam nos lugares em que os camponeses trabalhavam, violentavam as mulheres, amarravam os homens”, conta Everlides. “Quando ouvia algum ruído, fugia para o monte com minha menina.”

Mas ainda que a mudança para a Cidade das Mulheres tenha significado se estabelecer em um lugar mais acolhedor e seguro, ela passou por outra tragédia. Em 2011, sua única filha foi assassinada no município de Turbaco. Não foi pelo conflito armado, mas resultado de outra forma de violência que é comum no país: feminicídio. Ela foi estuprada e brutalmente assassinada por seu ex-companheiro, que depois se suicidou. “Ela deixou três filhos, que ficam comigo”, disse.

Novas gerações.
Uma dessas crianças é a neta Nayelis Paola González Berrío, de 14 anos. A menina cresceu em um ambiente em que se valorizam e promovem os direitos das mulheres. “Acho que é mais fácil, porque a gente não teve que passar por tudo que elas passaram”, reflete a menina. “É muito diferente e agradeço a elas por ofereceremos uma vida melhor e uma vida digna.”

Nayelis segue os passos da avó. É a coordenadora do grupo de jovens da LMD. A ideia é que as novas gerações continuem o trabalho. Algo crucial é que os meninos que crescem na Cidade das Mulheres também desenvolvem uma perspectiva do mundo mais equilibrada, acostumados a ver suas mães, suas avós, como chefes de família.

Política.
“O que a gente quer é avançar e ter poder político, é a única maneira para as coisas se transformarem para as mulheres”, disse Patricia.

O projeto é um grande sonho para Ana Luz Ortega Vázquez, da LMD. “Já não somos vítimas do deslocamento forçado, mas sim podemos ser as mulheres que vão mudar esse momento, mulheres políticas, para emergir, para chegar a um conselho ou, por que não, ocupar postos na prefeitura.”

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https://www.osul.com.br/mulheres-fogem-da-violencia-dos-homens-e-constroem-a-sua-propria-cidade/ Mulheres fogem da violência dos homens e constroem a sua própria cidade 2016-06-02
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