Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de março de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Apesar do Brasil possuir um excelente conjunto de leis, não é hábito dos brasileiros o cumprimento das mesmas. Isto ocorre, principalmente, por nossa deficiente formação cultural e educacional. Além disso, o conjunto de agentes fiscalizadores das leis é desacreditado e tem pouco prestígio. Principalmente o Judiciário, que é complexo, confuso e pouco eficaz.
Nosso país é famoso pela impunidade nos mais diferentes níveis de delitos. Até crimes graves, como roubar e matar, carecem de punição exemplar. Evidentemente, que a insatisfação gerou iniciativas individuais ou de grupos, diversos antídotos contra esta deformação da sociedade.
Desde o ano passado, a Santa Casa vem adotando algo que não é novo, mas muito instrutivo: A “Multa Moral”, que é uma advertência no para-brisa do veículo mal estacionado na garagem. Ela é sutil e constrangedora para aqueles que não cumprem as regras do estacionamento.
O exemplo clássico é o do indivíduo que deixa o carro em vagas reservadas para deficientes ou idosos. Se elas existem, é para beneficiar especificamente aqueles necessitados. Certamente eles terão grande prejuízo se não puderem usufruir do benefício. O fato ocorre também no supermercado ou na praça. Entretanto, no hospital, a distância do estacionamento até o elevador ou ambulatório acrescenta um desafio maior ao já combalido enfermo.
A “Multa Moral” também deveria ser estendida aos que estacionam na calçada, na faixa de segurança, na rampa de acesso, na ciclovia! Em fila dupla na porta do colégio!!
Deveria também existir a “Punição Moral”. Seria para aqueles que infringem em dezenas de fatos corriqueiros que ocorrem no nosso cotidiano: jogar papel no chão, cigarro aceso na rua, lixo na calçada, não limpar cocô do cão! Som alto no condomínio, riscar elevador, falar no celular no ônibus! Pichar!!
Segundo Emile Durkheim, psicólogo e filosofo francês, considerado o “pai da sociologia”, isto é decorrente do baixo nível de consciência individual e coletiva de uma sociedade. A primeira decorre principalmente da educação familiar e escolar.
A segunda é um conjunto de sentimentos e crenças comuns de membros de uma mesma sociedade no desejo de organizar e compor as regras. A meta é o bem comum! O nosso comprometimento no cumprimento das regras na consciência coletiva ainda é muito plácito, tolerante e de pouco empenho.
Ainda o “indivíduo faz a sociedade”, mas também é verdadeiro que a “sociedade faz o indivíduo”.
“Multa Moral”, que bela ideia!
Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário
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