Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de fevereiro de 2021
A mutação “mais preocupante” do coronavírus ocorreu espontaneamente na variante britânica, disse nessa terça-feira (2) um professor de medicina epidemiológica que é parte da comissão que aconselha o governo do Reino Unido.
A mutação E484K, que ocorre na proteína espigão do vírus, é a mesma mudança vista nas variantes sul-africana e brasileira, que causam preocupação em todo o mundo.
“A mutação mais preocupante, que chamamos de E484K, também ocorreu espontaneamente na nova variante de Kent em partes do país”, disse Calum Semple, membro do Grupo de Aconselhamento Científico para Emergências, à rádio BBC.
Ele se referia à variante britânica, que os cientistas batizaram de B.1.1.7 e que foi detectada primeiramente em Kent, condado do sul inglês.
“Um número limitado de genomas de B.1.1.7 VOC (variante preocupante) … com a mutação E484K foi detectado”, disse o sumário do informe.
Autoridades inglesas começaram a fazer exames de porta em porta visando 80 mil pessoas que moram em áreas nas quais os casos da variante altamente infecciosa foi encontrada.
No último domingo (31), o epidemiologista Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, levantou um alerta para os EUA em relação à variante encontrada no Reino Unido.
A previsão veio quando o total de infecções confirmadas nos Estados Unidos ultrapassou a marca de 26 milhões, com o número de mortos avançando continuamente em direção à marca de 500 mil. O epidemiologista alertou para que o país se prepare para a propagação do vírus ainda no começo deste ano: “O aumento [do número de casos] com esta nova variante da Inglaterra provavelmente vai acontecer nas próximas seis a 14 semanas. Esse furacão está chegando”, estimou o especialista.
O médico ainda alertou a nova administração do país, dirigida por Joe Biden, a agir mais rapidamente com planos para vacinar o maior número possível de pessoas nos EUA, pelo menos com sua primeira dose, especialmente as pessoas com mais de 65 anos, a fim de tentar evitar a pior exacerbação por variantes do crise.
O primeiro-ministro britânico Boris Johnson advertiu que a nova variante do Reino Unido pode ser 30% mais mortal do que o vírus original. A cepa foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos no final de dezembro, mas acredita-se que já estivesse presente lá em outubro.
Osterholm ainda afirmou que, se os líderes dos Estados Unidos não conseguirem ficar à frente da cepa mais contagiosa do Reino Unido, um desastre pode acontecer na forma de um novo e rápido surto de infecções. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos relataram que, até agora, quase 50 milhões de doses de vacina foram distribuídas e cerca de 30 milhões delas administradas a pacientes, em uma população dos EUA com mais de 320 milhões, segundo o jornal The Guardian.