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Mundo Na Líbia, o Facebook é usado para comprar armas, localizar inimigos e matá-los

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Carro-bomba após um ataque na cidade de Zliten, a 170 km de Trípoli, capital da Líbia. (Foto: Reprodução)

Quando uma nova onda de combates entre milícias rivais tomou conta da capital líbia alguns dias atrás, abalando gravemente o governo já frágil apoiado pelas Nações Unidas, alguns combatentes empunharam fuzis e lançadores de foguetes e saíram para as ruas. Outros entraram no Facebook.

Enquanto choviam foguetes sobre partes de Trípoli, atingindo um hotel frequentado por estrangeiros e obrigando o aeroporto a suspender suas atividades, e ao mesmo tempo em que 400 presidiários escapavam da prisão, uma batalha era travada on-line.

Em suas páginas no Facebook, grupos rivais lançavam insultos, provocações e ameaças assustadoras. Uma delas prometia “purificar” a Líbia, eliminando opositores. Alguns “guerreiros do teclado”, como são conhecidos na Líbia os militantes que atuam no Facebook, postaram notícias falsas ou frases cheias de ódio. Outros postaram conselhos para o campo de batalha. As informações são do jornal The New York Times.

Em uma página de discussões, na última quinta-feira, uma usuária postou mapas e coordenadas para ajudar seu lado a direcionar suas bombas contra a base aérea do grupo rival. “Do farol de trânsito no Wadi al Rabi, são exatamente 18 quilômetros até a pista de pouso, ou seja, dá para atingir a pista com uma artilharia de 130 mm”, escreveu no Facebook a usuária, identificada como Narjis Ly. “As coordenadas estão anexas na foto abaixo.”

As redes sociais exercem influência enorme na Líbia, país esparsamente povoado, mas violentamente fraturado, dilacerado por uma multidão de grupos armados que disputam território e legitimidade. Eles disputam o domínio do país nas ruas e com seus smartphones. Mas o Facebook, de longe a mais popular das plataformas on-line, não se limita a espelhar o caos – pode atuar como multiplicador de forças.

Grupos armados líbios usam essa rede social para localizar adversários e críticos, alguns dos quais mais tarde são detidos, assassinados ou forçados ao exílio, segundo ativistas líbios e organizações de defesa dos direitos humanos. Comandantes se gabam no Facebook de suas façanhas no campo de batalha e suas férias caras; eles semeiam divisões e ódios étnicos para mobilizar partidários. Documentos falsificados circulam amplamente, muitas vezes com a intenção de desacreditar as poucas instituições nacionais ainda restantes no país, especialmente o Banco Central.

O Facebook está sendo investigado globalmente e tem sido feita uma análise de como sua plataforma amplifica a manipulação e a violência políticas. Em julho, em resposta a incidentes em Sri Lanka, Mianmar e Índia em que rumores on-line levaram a violência real contra minorias étnicas, a empresa começou a eliminar desinformação de suas páginas. Na quarta-feira, sua diretora de Operações, Sheryl Sandberg, vai defender, diante do Comitê de Inteligência do Senado, os esforços da empresa para conter a desinformação e os discursos de ódio, depondo ao lado do executivo-chefe do Twitter, Jack Dorsey.

O Facebook insiste que policia assiduamente sua plataforma líbia. A empresa emprega equipes de revisores de conteúdos que dominam o árabe para implementar suas políticas, está desenvolvendo inteligência artificial para remover preventivamente conteúdos proibidos e está formando parcerias com organizações locais e entidades internacionais de direitos humanos para ter uma compreensão melhor do país.

Uma porta-voz disse: “Também não deixamos que organizações ou indivíduos envolvidos com tráfico humano ou violência organizada mantenham uma presença no Facebook”. Mesmo assim, a rede social na Líbia está repleta de atividades ilegais. O The New York Times encontrou evidências de armas de grau militar sendo comerciadas abertamente, apesar de as normas do Facebook proibirem esse tipo de comércio. Traficantes de humanos anunciam seus êxitos em ajudar imigrantes ilegais a chegarem à Europa pelo mar e usam suas páginas para promover seus negócios. Praticamente todos os grupos armados na Líbia e até alguns de seus centros de detenção têm suas páginas próprias no Facebook.

O Facebook removeu várias páginas e posts depois de o NYT tê-los indicado à porta-voz da empresa no domingo. Mas outros permanecem no ar. “Hoje a guerra mais suja e perigosa está sendo travada nas redes sociais e em algumas outras plataformas de mídia”, disse na semana passada um ex-ministro da Informação líbio, Mahmud Shammam, enquanto a violência se espalhava pela periferia de Trípoli. “Mentiras, falsificações, textos enganosos e que confundem os leitores. Os exércitos eletrônicos pertencem a todos e são usados por todos, sem exceção. É a guerra mais mortífera.” Shammam fez sua declaração no Facebook, é claro.

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https://www.osul.com.br/na-libia-o-facebook-e-usado-para-comprar-armas-localizar-inimigos-e-mata-los/ Na Líbia, o Facebook é usado para comprar armas, localizar inimigos e matá-los 2018-09-04
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