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Saúde “Não existe medicamento igual no mundo”, diz pesquisadora sobre droga que fez paciente recuperar movimentos após lesão na medula

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Tratamento experimental busca devolver movimentos após uma lesão medular. (Foto: Reprodução)

Recentemente, o nome de Tatiana Sampaio passou a ser conhecido por todo o país. A pesquisadora, chefe do Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), divulgou pela primeira vez os resultados iniciais de um trabalho que teve há 27 anos. Eram as primeiras evidências de testes em cães e humanos com a polilaminina, tratamento experimental que busca devolver movimentos após uma lesão medular.

A euforia em torno da notícia não foi à toa, hoje não existem alternativas para casos do tipo, que deixam muitos pacientes com paraplegia ou tetraplegia. A molécula, sintetizada a partir de uma proteína extraída de placentas, surge como uma opção simples, barata e, mais importante, com indícios fortes de que é eficaz. O estudo inicial com humanos foi pequeno, somente 8 voluntários, mas em alguns deles reverteu completamente a perda dos movimentos.

Ao jornal O Globo, Tatiana explica o que é a polilaminina, o que os testes mostraram até agora e quais os próximos passos para os estudos maiores, necessários para comprovar a eficácia e solicitar no futuro aprovação de uso à Anvisa. Além disso, fala sobre quanto tempo deve levar até um cenário em que, se tudo der certo, a ciência brasileira terá sido responsável por uma descoberta pioneira no mundo.

“Dependendo do resultado, é possível até começar a disponibilização do medicamento antes da fase 3 devido às características de ser uma doença rara, muito grave e para a qual não temos alternativas hoje. Depois da autorização da Anvisa, acredito que a fase 1-2 dos testes levará 2 anos numa estimativa otimista”, diz a pesquisadora. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

– O que é a polilaminina e como ela foi descoberta?A polilaminina é um polímero de uma proteína chamada laminina. Polímero significa que são várias unidades dessa proteína ligadas entre si. A laminina é uma proteína natural que temos no corpo durante toda a vida, por isso pode ser isolada das placentas. Ela tem várias funções, uma delas de estimular a regeneração dos axônios, que são as estruturas dos neurônios danificadas numa lesão medular. No interior da coluna vertebral tem um canal por onde passa a medula espinhal, que é parte do sistema nervoso central e tem a função de fazer a comunicação entre o cérebro e o resto do corpo. Quando ocorre uma lesão ali, essa comunicação é perdida. Então, a pessoa não consegue levar a informação sobre o seu desejo de fazer um movimento para os músculos, e também não consegue ter informação sensorial. Já se sabia há muitos anos que a laminina tem essa função de estimular o crescimento dos axônios. Só que, quando usávamos apenas ela, não funcionava. O que descobrimos foi uma forma de fazer a proteína ficar mais efetiva com a polimerização, que é fazer com que várias unidades dela fiquem juntas, associadas. Com isso, ela se torna mais estável e potente. Restava testar se isso funcionaria na vida real.”

– Quais foram os primeiros testes?A primeira coisa que fizemos foi estudar um modelo de ratos com lesões medulares, injetando a polilaminina no local da lesão para ver se acontecia uma regeneração dos axônios e retorno dos movimentos. Vimos as duas coisas. A partir daí, partimos para estudos com cães e com pessoas. Se considerarmos desde o momento em que descobrimos essa forma de fazer a polilaminina mais potente, até agora, são 27 anos de pesquisa.”

– Como foi o estudo piloto em humanos?O estudo piloto foi feito com 8 pacientes, tratados entre 2018 e 2021. A aplicação foi feita em hospitais do Rio, principalmente no Azevedo Lima, em Niterói, e no Souza Aguiar, na capital. Todas em lesões na fase aguda, em até 72 horas. Incluímos pessoas com lesões muito diferentes, desde por arma de fogo até as mais compressivas, que são menos graves. Vimos resultados positivos, embora muito diferentes. Temos casos como o do Bruno, que tem aparecido na mídia, que recuperou totalmente os movimentos, e outros em que a recuperação foi bem menor.”

– Como é a aplicação?A aplicação é feita diretamente na medula espinhal. No estudo, o protocolo foi fazer durante a cirurgia, porque na fase aguda, logo após a lesão, quase todos os pacientes precisam operar. Mas é possível fazer também sem cirurgia. Com um raio-x, por exemplo, você localiza o local exato da lesão e faz uma injeção percutânea, em que a agulha passa através da pele.”

– Existe algum outro medicamento semelhante hoje no mundo?Não existe nenhum medicamento aprovado para regenerar os axônios, a polilaminina é o que temos de mais avançado. Temos outras drogas para lesão medular em testes, mas funções um pouco diferentes, geralmente mais voltadas para o efeito de neuroproteção e para bloquear o processo de cicatrização. Há também pesquisas buscando reposição do tecido, como por células-tronco, ou terapias com materiais sintéticos. Todas essas possibilidades estão mais ou menos no mesmo estágio de testes da nossa.” As informações são do jornal O Globo.

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https://www.osul.com.br/nao-existe-medicamento-igual-no-mundo-diz-pesquisadora-sobre-droga-que-fez-paciente-recuperar-movimentos-apos-lesao-na-medula/ “Não existe medicamento igual no mundo”, diz pesquisadora sobre droga que fez paciente recuperar movimentos após lesão na medula 2025-10-14
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