Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de maio de 2025
Vice-presidente do União Brasil, ACM Neto prega em entrevista ao jornal O Globo que o partido — atualmente ocupando três ministérios na Esplanada — entregue desde já esses e outros postos que ocupa no governo federal.
O ex-prefeito de Salvador (BA) defende ainda que a sigla lance um candidato próprio contra a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas admite, no entanto, alianças com petistas nos estados.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
* Em que momento a federação União-PP vai decidir se entrega os cargos no governo?
Eu defendi que nunca sequer houvesse qualquer membro do partido integrando o governo. Está muito claro que logo após a formalização da federação, que ocorrerá com a homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral, esse assunto terá que ser debatido internamente e decidido. Eu defenderei que nenhum membro ocupe cargos no governo Lula.
* Há maioria hoje para isso?
Com o passar do tempo e com a aproximação da eleição de 2026, não faz sentido ocupar cargos no governo, tendo em vista que nós não estaremos na aliança do PT e da provável candidatura à reeleição do presidente Lula. Não faz sentido você ocupar cargos no governo se o seu projeto político é oposto a esse. Isso vai ficar claro na medida em que houver a formalização da federação. Se houver uma deliberação formal da federação de não ter cargos no governo, a consequência natural é que os membros da federação desocupem as posições.
* Há possibilidade de, por conta das divisões, o União Brasil ficar neutro em 2026?
Eu sou completamente contrário à neutralidade. É preciso afirmar a postura de oposição ao projeto do PT e o desejo de construir uma candidatura alternativa para 2026.
* O presidente do Senado é do União Brasil e tem cargos no governo. Como convencê-lo a embarcar nessa tese?
Davi (Alcolumbre) é presidente do Senado, ele tem o dever de liderar a instituição e, como tal, o dever de dialogar com o governo. Não há nenhuma necessidade de a federação trazer qualquer constrangimento ao Davi e vice-versa. São coisas completamente distintas.
* Se o partido optar por uma candidatura de oposição, há espaço para acordos nos Estados para quem quiser apoiar Lula?
É possível. Não creio que seja a expectativa de ninguém obrigar os estados a seguirem necessariamente uma diretriz nacional. Preferencialmente, sim. Obrigatoriamente, não. A depender de qual seja a equação, é preciso respeitar.
* O senhor faz oposição a Lula desde o primeiro mandato. Mesmo assim, em 2022, quando se candidatou a governador, não fez ataques? O que aconteceu?
Eu desejo ter um candidato à Presidência da República no próximo ano, diferentemente do que aconteceu em 2022, quando eu não tinha candidato. Eu mantive uma neutralidade em relação à disputa presidencial. O desejo agora é ter um candidato que, de preferência, seja alguém que represente o centro ou a direita e que possa enfrentar o presidente Lula nessa disputa.
* Por que o governo enfrenta hoje esse momento difícil com a classe política?
Lula não compreendeu que não foi eleito pelo PT, nem pelas esquerdas. Foi eleito por um eleitor que o rejeitava menos do que rejeitava Bolsonaro, mas ele virou as costas para esse eleitor. Lula governa com o PT e para o PT. E a versão Lula 3 é muito pior do que a 1 e a 2. Eles imaginavam que conseguiriam reeditar programas que deram certo no passado, não conseguiram. A economia patina. E a gente vê um governo que cheira a mofo. Prometeram picanha e cerveja e estão entregando café, carne, gás de cozinha, ovo com preço lá em cima. É tudo isso que faz com que o governo esteja mal e na condição de reprovação que eles nunca tiveram antes. Inclusive no Nordeste. (Com informações do jornal O Globo)