Brasil “Não me interessa ter esse poder”, diz o ministro da Economia sobre ter o controle do Coaf e da Receita Federal
Por Redação O Sul | 15 de agosto de 2019
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (15) que não interessa a ele ter o controle da Receita Federal e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e, por isso, pretende transferir o órgão de controle fiscal para o Banco Central, a fim de dar um “aperfeiçoamento institucional”.
O governo também pretende transformar a área de fiscalização da Receita Federal em uma autarquia. A declaração do ministro foi dada durante um seminário sobre gás natural, no Rio de Janeiro.
“Eu tenho o Coaf no braço direito, a Receita no outro, posso pegar qualquer cidadão. Imagina esse negócio na mão de alguém. Não me interessa ter esse poder. A Receita tem que ficar longe disso daí. Um está monitorando atividade financeira, o outro está arrecadando. Se houver uma suspeita contra alguém, a Justiça pede a informação”, afirmou.
Segundo o ministro, a iniciativa visa dar maior independência ao Coaf, a partir da proximidade com o Banco Central. Ele lembrou que ter um Banco Central independente é um sonho antigo do País e, por isso, pretende colocar o órgão de controle para ganhar uma maior autonomia, diante do protagonismo recente que ele ganhou em meio às investigações de combate à corrupção.
“Está todo mundo muito aborrecido, o Supremo, o presidente preocupado achando que a Receita está mexendo, estaria usando o ‘mal uso’. Vamos trancar isso em um lugar bem longe que nenhum braço vai chegar lá”, disse Guedes.
A ideia é que a independência do Banco Central seja concedida por meio de um projeto de lei, a ser colocado em discussão a partir da decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. O Coaf entraria dentro dessa reformulação interna do Banco Central, segundo explicou Guedes.
Guedes disse ainda que o Banco Central é o órgão que mais se aproxima das atribuições do Coaf e que poderá evoluir com essa proximidade no combate aos crimes financeiros do futuro. Hoje ligado ao Ministério da Economia, o órgão passará para o guarda-chuva da autoridade monetária e se chamará Unidade de Inteligência Estratégica.
Secretário
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que o titular da Secretaria do Fisco, Marcos Cintra, “por enquanto está muito bem” e que ele permanecerá no cargo.
“Não, o Cintra por enquanto está muito bem. Ele só não está em Brasília essa semana porque fez uma cirurgia não sei do que em São Paulo”, disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada.
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