Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de abril de 2019
Adversário de Jair Bolsonaro na campanha de 2018, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) rebateu o discurso contra a velha política feito pelo atual presidente da República, após encontro entre os dois nesta quinta-feira (04), no Palácio do Planalto.
“Não existe nova e velha, existe boa e má política. A boa política não envelhece”, afirmou Alckmin, presidente nacional do PSDB. O tucano disse que o PSDB manterá a sua posição de independência em relação ao governo: “Não há nenhum tipo de troca, não participaremos do governo, não aceitamos cargo do governo, e votamos com o Brasil”.
Depois de seguidas declarações de Bolsonaro associando negociações com o Congresso à corrupção e de seu embate com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Alckmin defendeu o diálogo. “Quanto mais a gente ouve, menos a gente erra. Política não é troca-troca, é o diálogo”, disse.
Ele citou Ulysses Guimarães, que presidiu a Câmara e liderou a campanha pela redemocratização no fim da ditadura militar. “Saber ouvir é uma grande virtude. Dr. Ulysses, que era um estadista, dizia que o homem tem dois ouvidos e uma boca para ouvir mais do que falar”, lembrou.
Alckmin e Bolsonaro tiveram embates públicos durante a campanha. Mas, na reunião desta quinta, “a conversa foi boa”, segundo o tucano. “O presidente me cumprimentou falando, ‘olha, votei em você nas últimas eleições'”, afirmou. “Dr. Ulysses lembrava, não se guarda ressentimentos na geladeira.”
O presidente do PSDB defendeu a aprovação da reforma da Previdência, mas fez ressalvas ao texto apresentado pelo governo. “O importante na reforma é idade mínima e tempo de transição. A reforma é muito complexa, muito detalhista, muito longa”, comentou. “Nós não aprovaremos nenhum benefício menor que um salário mínimo. O Benefício de Prestação Continuada nós somos contra, como também a questão rural. Se há diferença de idade na área urbana, por que não há na área rural?”, questionou.
O texto prevê que homens e mulheres se aposentem aos 60 anos no campo e 65 e 62, respectivamente, na cidade. “A reforma da Previdência precisa ser centrada em dois objetivos. O primeiro é justiça social. Não é possível permitir privilégios e é preciso proteger aqueles que mais precisam”, afirmou Alckmin.
Para ele, o setor público é fator de concentração de renda. “Altos salários [são] pagos pelo trabalhador de menor renda, através de impostos indiretos. Por isso, sempre defendi o regime geral de Previdência Social, um regime igual para todos”, afirmou. “Temos um sistema de distribuição de renda, que é o regime geral. São mais de 33 milhões de aposentados e pensionistas, 70% ganham um salário mínimo e a média é R$ 1.390, e ninguém ganha mais que R$ 5.000.”