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Saúde “Não podemos ficar recebendo dose de reforço para sempre”, diz microbiologista

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A microbiologista Natalia Pasternak se tornou uma das principais vozes da comunicação científica durante a pandemia. (Foto: Wikipédia)

A microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), se tornou uma das principais vozes da comunicação científica durante a pandemia. Após mais de um ano nos Estados Unidos, onde atua como professora convidada do Centro de Ciência e Sociedade da Universidade Columbia, em Nova York, Pasternak vem ao Brasil para participar do Fronteiras do Pensamento, projeto cultural que reúne pensadores influentes em ciclos de conferências para debater temas intrigantes da atualidade, que acontecerão em agosto, em São Paulo e Porto Alegre.

Ela falará ao lado do ex-presidente do Departamento de Ciências Biológicas de Columbia Stuart Firestein, sobre hesitação vacinal, comunicação de ciência e o desafio da desinformação para a saúde pública.

Ela também participará do IQC Day, que tem como objetivo apresentar as atividades do instituto, principalmente sua contribuição para o combate ao negacionismo e para o avanço das políticas públicas baseadas em evidências científicas, como o Observatório de Políticas Científicas.

1. O que podemos esperar da próxima geração de vacinas? Fizemos grandes avanços no desenvolvimento de vacinas. Temos a primeiras vacinas bivalentes, que já incluem alguma cepa Ômicron ou derivada para tentar diminuir um pouco o escape vacinal da Ômicron. Elas já devem contribuir bastante para diminuir os casos de reinfecção que estamos vendo com mais frequência agora. E as vacinas nasais. É importante não as confundir com o spray nasal de Israel. Vacina nasal é uma vacina e não um antiviral. A única diferença é que ela vai pelo nariz em vez de ser injetável. A grande vantagem disso é que ela estimula a imunidade de mucosa, que é uma imunidade mais local.

2. A vacinação contra covid-19 continuará com reforços contínuos ou será mais parecida com a da gripe, com apenas uma vacina anual? Sabemos que as pessoas estão ansiosas. Mas é difícil responder isso agora. Sabemos que não podemos ficar recebendo dose de reforço para sempre e temos algumas estratégias para isso. Primeiro, precisamos alcançar uma vacinação global porque enquanto não tivermos uma vacinação mais equitativa, a chance de surgirem novas variantes que escapam à proteção das vacinas continua e vamos ficar fazendo o que? Cada hora dando mais reforço, que incluem as variantes novas? Então é essencial diminuir a incidência desse vírus globalmente e não só localmente, nos países ricos. Outra estratégia que eu acho que pode ser muito promissora são as vacinas nasais, que estão sendo testadas.

3. Quando a pandemia vai acabar? Só saberemos que a pandemia acabou, olhando para trás. Não é possível definir isso quando ainda estamos no meio da pandemia. Em algum momento no futuro, talvez daqui um ou dois anos, vamos olhar para trás, olhar as curvas de incidência, hospitalização e óbito e dizer “nesse momento aqui, a pandemia acabou”. Não dá para prever que a pandemia irá acabar no mês tal. Até lá, vamos acompanhando e fazendo estimativas. Mas dizer quando terminou, só é possível olhando para trás. Eu sei que é frustrante porque gostaríamos de ter uma bola de cristal, mas precisamos ter a humildade de comunicar o que não sabemos. Não sabemos quando vai terminar. Mas sabemos que já melhorou muito e isso é muito legal.

4. Primeiro, tivemos a pandemia de covid. Em seguida, veio a hepatite misteriosa e agora, a varíola dos macacos. Há algo em comum que está motivando esses surtos de doenças incomuns? O mundo está esquentando e aumentando sua população, ao mesmo tempo. Esses são ingredientes bem complicados para doenças emergentes. O aquecimento reduz a quantidade de áreas habitáveis. As espécies começam a mudar de território, procurando temperaturas mais amenas. Isso significa que tem mais espécies e mais gente, coexistindo em um espaço cada vez menor. Isso favorece com que essas espécies se encontrem e troquem microorganismos entre si e com os humanos. As pessoas também se movimentam cada vez mais e também estão aumentando em número. Então a velocidade com que esses encontros entre espécie de mamíferos, aves e humanos acontece aumenta. Esses fatores favorecem muito o surgimento e a transmissão de doenças.

5. A senhora se tornou referência na comunicação de ciência. Na sua opinião, qual é a principal dificuldade desse tipo de comunicação? A ciência parte de perguntas, então a incerteza é essencial para o desenvolvimento da ciência. Mas comunicar a incerteza não é tão óbvio assim. As pessoas não estão esperando que você comunique algo incerto. Elas esperam que você comunique certezas e isso tem muito a ver com a maneira como ensinamos ciências na escola, como um conteúdo que os alunos precisam decorar e que vai cair na prova com respostas certas ou erradas. Mas a ciência não funciona assim. Em vez de ensinarmos ciência como um processo de investigação, ensinamos como um aglomerado de fatos que eles têm que decorar e depois nos surpreendemos quando temos que comunicar a ciência como um processo e as pessoas não gostam desse tipo de comunicação.

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https://www.osul.com.br/nao-podemos-ficar-recebendo-dose-de-reforco-para-sempre-diz-microbiologista/ “Não podemos ficar recebendo dose de reforço para sempre”, diz microbiologista 2022-07-16
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