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Economia Navio encalhado no Canal de Suez pode afetar as exportações brasileiras

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Cargueiro estava estacionado em um lago do Egito desde 29 de março. (Foto: Divulgação/Autoridade do Canal de Suez)

O bloqueio da circulação de navios pelo Canal de Suez, no Egito, por causa do cargueiro Ever Given encalhado há quase uma semana, deve provocar reflexos nas exportações e importações brasileiras. Fontes do setor de comércio exterior apontam que a interrupção na navegação pelo canal pode ocasionar desde atrasos na entrega de mercadorias, custos extras para transporte até elevação de preços de contêineres e navios.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, explica que boa parte das exportações de commodities agrícolas feitas pelos navios graneleiros e previstas para sair do Brasil serão afetadas com o bloqueio.

“Muitas exportações de commodities que saem pelo norte do Brasil pegam o canal. A produção de soja do Mato Grosso que sai pelo Norte pode ser afetada e a mercadoria acabar ficando parada no porto. Em último caso, pegar rotas mais longas pelo Cabo da Boa Esperança vai significar mais custo, que já é um problema hoje.”

As exportações brasileiras que já se encontram na rota que passa pelo Canal, explica Castro, terão aumento para custear o tráfego. O impacto, segundo ele, pode se refletir também nos preços dos navios e contêineres, caso o canal não seja desobstruído nas próximas semanas:

“O navio que sai do país para navegar 10 dias vai passar a navegar 15 dias ou mais, e isso faz aumentar o consumo de combustível, refletindo no frete, que sofrerá aumento. Se os navios ficarem muito tempo parados lá no Canal, pode ainda haver choque de navios disponíveis porque eles estão parados, bloqueados. Então vai haver uma demanda maior por navios e isso deve levar a um custo de transporte do contêiner.”

Ele afirma que o bloqueio é um choque adicional diante do descompasso entre oferta e demanda já provocado pela pandemia. Na prática, a interrupção da circulação de navios também afetam as importações, necessárias para o funcionamento da indústria de transformação brasileira. O custo para driblar o bloqueio marítimo é alto:

“A exportação sai e a importação não entra. Essa queda (nas importações) vai ser compensada quando essa mercadoria chegar ao Brasil com atraso. As matérias primas que o Brasil possui vem da China e do Sudeste Asiático, e elas vão ter impacto, não tem jeito. O produto manufaturado pode ser feito via transporte aéreo, mas na média o seu custo é sete vezes maior do que o transporte marítimo.”

Bruno Farias, presidente da F Trade, agência especializada em logística para comércio exterior, lembra que o transporte por aviões é inviável de ser feito em larga escala. Por isso, a tendência é que as companhias ajustem as rotas que hoje passam pelo Canal de Suez. A mudança, porém, traz reflexos sobre o frete e gasolina do navio, “bunker”, que também vem sofrendo reajustes:

“O avião é caro e não consegue fazer nada parecido. Tem aviões com capacidade de 80 toneladas, mas só um contêiner já leva 24 toneladas. A tendência é que essa rota seja alterada, mas ninguém sabe ainda como isso será feito”, diz ele, que aponta que os navios que estão em espera devem dar a volta pelo Cabo da Boa Esperança: “O problema é que essa viagem leva dez dias. Essas cargas já estão atrasadas em no mínimo vinte dias no tempo total.”

Farias explica que o impacto será maior sobre as embarcações que saem do Brasil, vão até a Europa e usam o canal de Suez para chegar até portos da Índia e Dubai. A exportação de maçãs e outros perecíveis de maior sazonalidade, que fazem o trajeto para Ásia via Mar Mediterrâneo, por exemplo, já estão com o planejamento comprometido para a semana que vem:

“Já estamos com escassez de contêiner no Brasil, e as cargas que passam pela Europa os armadores não vão querer levar.”

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que ainda não há projeções detalhadas sobre os impactos da ocorrência desta semana, no Canal de Suez, mas a situação está sob avaliação interna, que está verificando rotas e navios hoje retidos. Numa primeira avaliação preliminar, espera-se um possível impacto no fluxo global de contêineres, causando eventuais atrasos nas entregas de mercadorias e trocas globais. Alternativas logísticas estão em estudo para reduzir impactos, até a normalização do fluxo no canal”, completou a entidade, em nota. As informações são do jornal O Globo.

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https://www.osul.com.br/navio-encalhado-no-canal-de-suez-pode-afetar-as-exportacoes-brasileiras/ Navio encalhado no Canal de Suez pode afetar as exportações brasileiras 2021-03-27
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