Por Redação O Sul | 3 de junho de 2016
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró deixará a prisão neste mês, mas terá que devolver aos cofres públicos mais de 18 milhões de reais por conta da sua participação no esquema de corrupção da estatal, revelado pela Operação Lava-Jato.
Os valores serão devolvidos para a estatal e para a União. Além da quantidade em dinheiro, ele também terá que repassar à Petrobras 10.266 ações da empresa. Se não cumprir o combinado, ele poderá perder imóveis, terrenos e fazendas.
Os termos do acordo de delação premiada foram negociados com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no fim do ano passado. O pacto foi fechado depois de vir à tona o esquema do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) para tentar comprar o silêncio de Cerveró e evitar que ele fizesse a delação.
Em sua delação, Cerveró afirmou que Dilma Rousseff mentiu sobre a compra da refinaria de Pasadena nos EUA e disse também que políticos do PMDB, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o teriam chamado para reclamar da “falta de propina”. Afirmou, ainda, que presenciou a contratação de uma empresa ligada ao filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique Cardoso, durante o governo do tucano (1995-2002).
Prejuízo em Wall Street
Em 2008, a Bolsa de Valores de Nova York (EUA), considerada o coração da rua Wall Street, no potente distrito financeiro norte-americano, ficou em polvorosa com a descoberta das fraudes do operador Bernard Madoff, que geraram prejuízo de mais de 65 bilhões de dólares a investidores. Entre as vítimas do golpe estava o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que perdeu cerca de 700 mil dólares com o esquema.
O próprio Cerveró revelou o rombo, em depoimento prestado ao Ministério Público Federal, no acordo de delação premiada. A empresa de Madoff atraía investidores oferecendo altos níveis de rentabilidade, superiores a 10% ao ano. O dinheiro dos novos investidores era usado para pagar clientes antigos que queriam resgatar os recursos aplicados. Com a crise financeira nos Estados Unidos, as demandas por resgates aumentaram, desvendando a real situação: não havia dinheiro suficiente para remunerar todos os clientes de uma só vez.
Cerveró foi atraído para o esquema de Madoff pelo suíço Peter Schmid, que era diretor da empresa e costumava orientá-lo em aplicações. A conta foi bloqueada de 2010 a 2013 pelo governo da Suíça. A medida foi tomada depois que o nome do ex-diretor da Petrobras apareceu nas investigações contra a multinacional Alstom. (AG e AE)
