Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2019
Convidados desconfiados, seguranças arredios e muita boataria circulava no Salão Verde da Câmara dos Deputados desde a manhã desta terça-feira (1º), quando tiveram início os primeiros preparativos para a cerimônia de posse do presidente eleito Jair Bolsonaro. “Eu ouvi dizer que tem até mesmo agente escondido nos esgotos”, contava pelos corredores um dos profissionais encarregados de organizar o cerimonial do evento, sem nenhuma certeza sobre a veracidade da informação.
No entorno do carrinho improvisado para servir café, uma copeira e um bombeiro comentavam que nunca haviam visto uma cerimônia de posse com tantas restrições. Embora ninguém soubesse dizer ao certo qual era o alcance da estrutura de segurança do novo presidente, o fato é que ela começou a interferir na rotina de servidores bem antes. Na Câmara, por exemplo, integrantes da segurança contavam que, pela primeira vez desde a redemocratização, o expediente de meio período no dia 31 de dezembro foi suspenso, por conta do isolamento da área.
No Palácio do Planalto, as recomendações começaram antes. Já no último domingo, dia 30, os funcionários foram orientados a não mexer nas persianas, que permaneceriam fechadas até a posse. Um funcionário resumia a recomendação repassada às equipes: “Avisaram que não era nem para encostar nas persianas, ou algum sniper poderia atirar. Disseram que qualquer gesto seria interpretado como hostil”.
Na medida em que as horas avançavam, as mudanças no repertório tradicional da solenidade no Congresso acabaram por provocar alguma animosidade entre seguranças e jornalistas isolados no Salão Verde desde cedo. Houve discussões sobre a liberação do acesso a café e água – posteriormente servidos aos profissionais – e sobre em qual canal seriam sintonizados os projetores situados no local.
Sempre que alguma confusão tomava forma, assessores procuravam repassar a responsabilidade. Até o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pegou o bonde. Questionado pelos jornalistas, engatou: “É com o Congresso.”
A cerimônia de posse de Bolsonaro contou com esquema de segurança máxima formulado em conjunto pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional), pelo Exército, pela Força Nacional e pelas autoridades de segurança do Distrito Federal. Mais de 2,6 mil policiais militares trabalharam na área em que se realizam os atos da posse presidencial.
Os trabalhos foram coordenados pelo futuro ministro do GSI, general Augusto Heleno, junto à Polícia Federal. O esquema contou com bloqueadores de sinal de telefones celulares e de drones para reforçar a segurança de Jair e de Michelle Bolsonaro durante o trajeto pela Esplanada dos Ministérios.
Deputados
Nem deputados escaparam de revistas na entrada do Congresso para a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). A orientação para os responsáveis pela segurança da cerimônia fez com que parlamentares, acostumados a entrar diretamente no Congresso com o broche do local, tivessem de passar por uma máquina de raios X. O novato Julian Lemos (PSL-PB) teve inclusive de passar por uma segunda revista com um detector de metais.