Segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2019
Foi lastreado na velha máxima de que não há espaço vazio na política que Jair Bolsonaro tomou do PSDB o papel de principal opositor do PT quando os tucanos se enredaram na Operação Lava-Jato. Só que ao fim da campanha vitoriosa, o presidente abriu mão da tarefa de liderar, junto com os demais representantes eleitos, as mudanças necessárias no país. Na quarta-feira (10), ao aprovar em primeiro turno a reforma da Previdência, o Congresso sacramentou sua tomada deste vácuo de poder.
Ao deixar sua cadeira na Mesa Diretora e subir na tribuna para discursar, aclamado por seus pares, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, formalizou esse grito de independência. Há meses o deputado já anunciava em entrevistas e articulava nos bastidores a construção de uma agenda própria do parlamento diante da falta de disposição do governo em governar por meio de uma coalizão democrática. Na quarta-feira, então, foi formalmente apresentada o que já pode ser chamada de “Agenda Maia”.
Ela se inicia por uma reforma da Previdência robusta, mas que reflita mais os anseios do Congresso do que a visão liberal de Paulo Guedes (ministro da Economia). O texto do ministro tinha como eixo central a migração para o regime de capitalização. Os deputados, no entanto, optaram por manter o modelo de repartição e retirar medidas que atingiam os mais pobres e servidores de Estados e municípios.
Nos próximos meses, o foco da Câmara dos Deputados será a votação de uma reforma tributária pautada pela simplificação do emaranhado fiscal brasileiro – e não na redução da carga – e uma reforma das carreiras do serviço público, para acabar com o modelo atual em que funcionários recém-concursados entram com vultosos vencimentos.
Rodrigo Maia fechou seu discurso com uma provocação clara a Bolsonaro – que não foi citado em seu discurso: “Nosso papel é recuperar a força do Congresso Nacional, porque estamos fortalecendo a nossa democracia. E não haverá investimento privado se nós não tivermos uma democracia forte. Investidor de longo prazo não investe em país que ataca as instituições”.
Após cumprimentar o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, avisou: “Nós vamos precisar construir, daqui para a frente, uma relação diferente, em que o diálogo e o respeito prevaleçam em relação a qualquer tipo de ataque”.