Ícone do site Jornal O Sul

Nova versão do programa espião comercial FinSpy captura dados em Android e iOS

O programa já foi detectado em uso contra organizações não-governamentais, governos e órgãos legislativos em mais de 20 países. (Foto: Reprodução de internet)

A fabricante de antivírus Kaspersky Lab publicou uma análise detalhada das funcionalidades do FinSpy, um programa de espionagem comercializado pela empresa alemã Gamma Group. De acordo com a empresa de segurança, o programa, que é capaz de espionar celulares com Android ou iOS, já foi detectado em uso contra organizações não-governamentais, governos e órgãos legislativos em mais de 20 países. A atividade mais recente do programa foi identificada em junho, em Myanmar. 

Na versão mais recente, analisada pela Kaspersky Lab, o programa é capaz de extrair diversas informações do telefone, inclusive as conversas realizadas em aplicativos criptografados, como WhatsApp e Signal, e outros programas do gênero como LINE, Telegram, WeChat, Facebook Messenger e Viber. A captura inclui ainda as chamadas de voz.

O programa tem algumas restrições: em celulares iPhone, da Apple, ele só funciona no iOS 11. Nenhum ataque foi observado contra iOS 12, lançado em setembro de 2018. Nos telefones em que ele é capaz de atacar, o programa remove vestígios da realização do “jailbreak”, o procedimento necessário para instalar aplicativos fora da App Store, da Apple.

Já no Android, além de ter as mesmas funções do iPhone, ele é capaz de obter o acesso “root”, que garante permissões irrestritas para realizar qualquer atividade no smartphone.

Isso funciona em dois casos: se o celular já tiver um programa que realiza root instalado ou se o celular usar Android 7 ou anterior sem as atualizações de segurança de dezembro de 2016 instaladas.

O operador do FinSpy pode controlar o programa remotamente e receber os dados capturados de duas formas:

1 – Se o celular tiver uma conexão Wi-Fi ou de dados, o controle remoto pode ser realizado por HTTP (o mesmo canal usado para visitar sites na web).

2 – Caso o celular não tenha acesso a um pacote de dados, as informações extraídas podem ser repassadas por SMS.

Embora existam mecanismos para a distribuição do software por e-mail, SMS e “Push”, o principal meio de instalação do FinSpy é provavelmente o acesso físico ao telefone.

De acordo com a Kaspersky Lab, o FinSpy vem ganhando mais técnicas para dificultar esse tipo de análise e esconder as novas capacidades incluídas em suas atualizações.

Mercado de interceptações legais

O FinSpy, que também é chamado é FinFisher, é comercializado para o uso em interceptações legais, como as realizadas pela polícia com autorização judicial. Esse mercado é o mesmo do software de espionagem “Pegasus”, desenvolvido pela empresa isralense NSO Group e que está no centro de diversas polêmicas por conta de utilização potencialmente abusiva.

Assim como seu concorrente Pegasus, o FinSpy acumula denúncias de abuso por regimes totalitários em países como Bahrein, Egito e Uganda.

Sair da versão mobile