Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de abril de 2025
Em parceria com a pasta da Educação, o Ministério da Saúde anunciou a criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed). Obrigatória para todos os formandos de Medicina, a prova será realizada anualmente, em substituição ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Também será utilizada como critério de acesso às residências médicas, unificando-se ao Exame Nacional de Residência (Enare).
Médicos já formados também poderão fazer o Enamed, caso pretendam ingressar em programas de especialização na área. Atualmente, o Enade tem 40 questões, número que será ampliado pela 100 com o Enamed, com foco nas competências fundamentais da formação médica – ginecologia, pediatria, clínica médica, clínica cirúrgica e medicina da família.
“A grande diferença é que, agora, o candidato fará o Enamed e sua nota será considerada no Enare. Quem tiver melhor desempenho poderá escolher vagas em qualquer instituição participante”, explica o presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Arthur Chioro. A entidade é responsável pela gestão dos hospitais universitários.
Ainda de acordo com o dirigente, a mudança deve ampliar o comprometimento dos estudantes com a prova: “A seriedade dos alunos com o exame tende a aumentar, assim como a adesão das instituições, públicas e privadas, já que a nota será usada para acesso à residência médica”.
A estimativa do Ministério é que cerca de 42 mil estudantes participem da primeira edição do Enamed, além de médicos formados interessados em vagas de residência. A aplicação está prevista para 300 cursos em 200 municípios do País.
Avaliação
O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou também que o Conselho Nacional de Educação (CNE) estuda implementar uma prova de progresso a ser aplicada no meio do curso de medicina. O objetivo é identificar, de forma antecipada, eventuais deficiências no processo de formação.
“A avaliação no final do curso apenas identifica o problema, porém não permite mais a correção da formação. A proposta é aplicar um exame intermediário, a fim de ajustar os currículos durante a graduação”, explica Santana.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enaltece esse modelo de avaliação contínua como uma referência internacional: “Mesmo países que já adotavam exames de ordem, a exemplo da OAB [dos advogados do Brasil], estão migrando para avaliações aplicadas ao longo da formação. É o que há de mais moderno na atualidade”.
Cerco
O Ministério da Educação também tem atuado para restringir a abertura de cursos de medicina fora do programa “Mais Médicos”, voltado à disponibilidade de profissionais do setor em regiões onde eles são mais escassos. Entre 2018 e 2023, a iniciativa ficou suspensa e diversas autorizações foram concedidas por via judicial.
“Recebemos um passivo de cerca de 60 mil novas vagas solicitadas judicialmente. Deste total, apenas 7% estão sendo autorizadas, com base nos critérios estabelecidos pelo edital, como infraestrutura e convênios com hospitais”, destaca o titular da pasta.