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Por Redação O Sul | 12 de outubro de 2015
A proposta para um currículo nacional apresentada mês passado praticamente não faz referências ao ensino de gramática. A opção desagradou pesquisadores e até o novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, defensor que a norma culta esteja mais presente.
O documento foi elaborado por uma comissão de especialistas, articulada pelo Ministério da Educação, e está agora aberto para o debate público. A proposta final deverá ser fechada em 2016, com a chancela do governo. O currículo nacional, oficialmente chamado de Base Nacional Comum Curricular, deverá nortear o que será ensinado em todas as escolas de aprendizado básico do País. Atualmente, as escolhas estão nas mãos das redes e dos colégios.
A pouca ênfase em gramática foi levantada pela doutora em educação pela Universidade de Harvard, nos EUA, Paula Louzano, e pela também doutora em educação pela USP [Universidade de São Paulo], Ilona Becskehazy. Após analisarem o documento sobre a língua portuguesa, elas detectaram que apenas até o terceiro ano do ensino fundamental havia referências diretas à gramática, e, ainda assim, escassas.
Para essa série, espera-se, por exemplo, que o aluno saiba registrar e ler adequadamente palavras com marcas de nasalidade, com til, m e n. Nas seguintes, há apenas indicações indiretas à gramática, segundo a avaliação das pesquisadoras. No nono ano da aprendizagem fundamental, o aluno deverá analisar a argumentação em gêneros, como editorial e artigo de opinião, observando tipos de pressupostos, recursos de coesão e de modalização.
Na opinião do grupo que montou o documento, aqui se subentende o ensino de elementos de coesão, ou seja, de categorias gramaticais, como as preposições, as conjunções, os pronomes e os advérbios. Já currículos locais em prática no País adotaram lógica diferente. À da rede estadual de São Paulo, a maior do Brasil, deixou claro o que deverá ser ensinado em gramática.
Para o mesmo nono estágio do fundamental, está explícita a indicação de que o aluno deverá dominar o uso da crase e das regências verbal e nominal. (Folhapress)