Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2025
 
				O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), adquiriu um novo supercomputador, instalado no Centro de Dados Científico do Instituto, em Cachoeira Paulista (SP). A nova máquina amplia significativamente a capacidade de previsão do tempo e de modelagem climática no País, em um momento em que cresce a demanda por informações precisas diante da intensificação de eventos extremos.
Com maior velocidade, resolução e sustentabilidade, o investimento feito pelo MCTI, com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), reforça a capacidade nacional de antecipar riscos climáticos e gerar conhecimento científico estratégico para o País.
“Em relação ao sistema anterior, o Tupã, o novo supercomputador tem capacidade de processamento de dados de cinco a seis vezes maior e cerca de 24 vezes mais capacidade de armazenamento de dados, sendo o mais avançado equipamento de previsão de tempo e de clima do País”, explica o coordenador de Infraestrutura de Dados e Supercomputação do Inpe, Ivan Márcio Barbosa.
São muitas as comparações que podem ser feitas para explicar a capacidade desta máquina. Por exemplo, um computador doméstico, de escritório, tem um, no máximo dois processadores – que são o cérebro do computador. Lá são 29 mil processadores. O supercomputador atual do Inpe, que será desativado em 2026, é capaz de fazer 300 trilhões de cálculos por segundo. O que acabou de chegar consegue fazer 1,6 quatrilhão de cálculos por segundo.
“O equipamento precisa ter muita memória, muito processador e discos rápidos, de forma que ele consiga processar uma grande quantidade de dados e executar muitos cálculos matemáticos. E, com isso, a gente consegue melhorar as previsões realizadas pelo Inpe”, explica Ivan Márcio Barbosa, coordenador de infraestrutura de dados e supercomputação do Inpe.
Essa é a principal função desta máquina. A previsão do tempo feita para o dia seguinte, que hoje leva três horas de processamento, vai ser feita em poucos minutos.
“Em torno de 10 a 15 minutos para fazer, só que com uma vantagem: nós vamos detalhar melhor a previsão. Ou seja, nós podemos, para previsão de amanhã, ter um número maior de atualizações ao longo do dia”, afirma o pesquisador do Inpe Gilvan Sampaio.
Detalhamento
O novo supercomputador reduz o tempo de processamento de previsões meteorológicas e aumenta o nível de detalhamento dos resultados. Enquanto anteriormente a previsão para dez dias exigia cerca de três horas de processamento, agora é possível obter, em menos de duas horas. Esse ganho permite executar múltiplas simulações com pequenas variações, fornecendo cenários probabilísticos mais confiáveis para apoiar órgãos como a Defesa Civil.
Além disso, o novo supercomputador permitirá previsões com maior resolução espacial, ou seja, maior detalhamento. Além de mais processamento, isso exige que o supercomputador tenha muito mais memória. A grade de previsão, que antes era de 20 km, passa a 10 km para o globo todo, e poderá alcançar 3 km para previsões sobre a América do Sul. Essa melhoria permite identificar fenômenos locais, como ondas de calor em áreas específicas de grandes cidades, tempestades intensas em regiões delimitadas e efeitos de serras e vales sobre o clima.
“Na prática, esse avanço permite um detalhamento espacial quatro vezes superior ao que tínhamos antes. Proporcionalmente ao detalhamento espacial, o detalhamento temporal também aumenta, o que implica em cerca de oito vezes mais processamento. O objetivo é possibilitar previsões detalhadas, como ‘fortes chuvas com rajadas de vento na Zona Leste da capital, entre 16h e 18h’, diferenciando como será o tempo em regiões separadas por apenas 10 km de distância, além de indicar de forma mais objetiva o intervalo de ocorrência dos eventos climáticos ”, explica o coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe, José Antonio Aravéquia.