Terça-feira, 11 de novembro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Colunistas O 55º

Compartilhe esta notícia:

(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

As relações da medicina, com a política, em Brasília, são, no mínimo, peculiares e, no máximo, até tormentosas. Lembro-me da cirurgia feita, na véspera da posse que não houve, do presidente eleito Tancredo Neves, que gerou, numa Brasília surpresa, apalermada e mal informada, uma boataria enlouquecedora que acabou espraiando-se pelo País.

Todos, e cada um, tinham a sua versão que um “amigo muito confiável” contara – sempre em sigilo absoluto – e outro amigo confiável (muito chegado a um primo de 5o- grau que há mais ou menos cinco anos trabalhou na causa de uma aparente namorada do Dr. Tancredo).

Esse finalzinho era para fazer ferver a história, apimentando com uma imbatível fofoca que reforçaria o lado “MACHO-ALFA” do ex-quase presidente.

Afora essa boataria, a verdade é que Tancredo estava internado, sendo submetido a uma cirurgia que não se sabia bem onde, nem para que.

Essa operação foi a de “maior público presente” numa sala cirúrgica do Hemisfério Sul. Como Brasília é a terra do “você sabe com quem está falando?” – em decorrência do QI – todos (ou quase todos) parlamentares – em especial senadores – que eram também médicos, vestiram um jaleco branco, emprestado e, literalmente, invadiram o ato cirúrgico. Enquanto isso, Tancredo repousava da dor contínua e aguda que vinha sofrendo há vários meses, nos braços de uma anestesia geral.

O que se disse depois é que, fora a equipe profissional que lutara contra a DIVERTICULITE (os mais incrédulos já perguntavam: mas será que é isso mesmo? E pior, parece que não ERA) havia mais de 15 médicos “intrometidos”, além de familiares e amigos, auto intitulados “íntimos”.

No dia do fato e nos seguintes – este é um País muito louco – era título de importância (e até a possibilidade de ser tido como futuro integrante do governo a instalar-se, era o que constava do sussurrado “boca-a-boca”). Um outro oportunista, dizia ser tão “chegado à família”, que até estava ao lado do Dr. Tancredo na hora da terrível cirurgia, e visível montagem fotográfica.

O resto, por sabido e por não sabido, não vou contar. Só posso garantir que, se mais disser, estaria cometendo o perigoso e sedutor pecado da intromissão cirúrgica, origem de boa parte do vício de se comprar um produto atraente: versão melhor do que o fato.

Isso tudo me vem à cabeça porque leio nos jornais que o senador Wellington Fagundes, do Partido Republicano do Mato Grosso (com todo o respeito, um ilustre desconhecido pelo menos para todos os Estados que não Mato Grosso) está com crise de diverticulite, baixado no hospital, desde a madrugada de domingo.

Também tive (e me operei em São Paulo) diverticulite nos idos de 1990 e posso garantir que dói uma barbaridade.

A informação reservada é de que ele seria pró-impeachment.

Fico pensando: se tal senador tiver de ser operado de imediato e nos cálculos de antecipada (mera estimativa) apuração, conclui-se que ele é o voto de número 54, indispensável para assegurar a condenação de Dilma ou, pela ausência do eleitor, garantir o retorno ao Palácio da ora excluída, Brasília viraria um festival de palpiteiros: juristas da avançada 3a- idade discutindo o Regimento da Casa (“ele tem; ele não

tem de se licenciar; deve ser, ou não, chamado o “suplente”; se ele está lúcido, poderiam trazer na maca para votar? “Mas isso não pode, não”; o médico – asseguraria um palpiteiro medicinal – é um petista disfarçado, por isso operou logo, para mantê-lo hospitalizado; o médico é um tucano camuflado, na palavra de um palpiteiro, com ar de faminto, que afirmava ter tirado a apêndice há mais de dez anos no mal falado mosocômio, garantindo que, por gosto, estão atrasando a cirurgia e mantendo o homem anestesiado etc etc.

Para evitar tudo isso, melhor que ele seja o 55o-.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Colunistas

Lewandowski exige respeito às prerrogativas dos advogados
Vai abrir a mão
https://www.osul.com.br/o-55o/ O 55º 2016-08-31
Deixe seu comentário
Pode te interessar