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Por Redação O Sul | 26 de janeiro de 2018
O advogado Cristiano Zanin Martins, responsável pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o líder petista está tranquilo em relação à apreensão de seu passaporte, mas “indignado, evidentemente” com a medida, que o impede de deixar o País.
Nessa sexta-feira, o criminalista entregou o passaporte de Lula à PF (Polícia Federal) em São Paulo, por ordem do juiz federal Ricardo Leite, de Brasília, que conduz a Operação Zelotes. “O ex-presidente está sereno, mas existe a indignação natural de qualquer cidadão que passa por uma restrição indevida dos seus direitos”, declarou.
O ex-presidente está proibido de deixar o Brasil. A decisão do magistrado impediu a ida do petista para a Etiópia, onde participaria de um encontro da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), a convite da União Africana, que reúne 54 países.
Ele embarcaria às 2h30min dessa sexta-feira, com a volta programada para o dia 29. O Instituto Lula anunciou o cancelamento da viagem quando faltavam apenas seis horas para a viagem rumo a Adis Abeba, capital do país africano.
“Era um evento importante, algo muito relevante que o Brasil pudesse participar dessa discussão através da presença do ex-presidente Lula. Já havia participado do mesmo evento há cinco anos”, criticou Zanin.
Ao pedir o recolhimento do passaporte, os procuradores Anselmo Lopes e Hebert Mesquita afirmaram que a execução provisória da pena do petista no caso do triplex do Guarujá (SP) “pode ocorrer em questão de semanas”. Eles escreveram também que “é possível afirmar que passou a existir risco concreto de fuga do País”.
A decisão de apreender o passaporte de Lula foi tomada no âmbito da Operação Zelotes, que apura tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra dos caças suecos Gripen e na prorrogação de uma medida provisória.
Condenação
Na última quarta-feira, o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, confirmou a condenação imposta a Lula pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos em primeira instância no âmbito da Operação Lava-Jato. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do imóvel, que segundo a Justiça foi bancado pela empreiteira OAS.
A sentença para o político que governou o País por dois mandatos consecutivos (2003-2010) foi elevada de 9 anos e seis meses para 12 anos e um mês de prisão e deverá será cumprida após a análise dos embargos de declaração, único recurso cabível, mas que não altera a decisão.
O advogado Cristiano Zanin negou que Lula tivesse qualquer intenção de pedir asilo político no exterior. De acordo com o defensor, o ex-presidente viajaria para a Etiópia mas havia informado à Justiça sobre toda a programação da viagem. Zanin já ingressou com recurso para cassar a decisão do juiz Ricardo Leite.