Segunda-feira, 08 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O verão se aproxima e, junto dele, o cenário das praias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul ganha cores, aromas e sabores únicos, muitas vezes proporcionados pelos ambulantes e quiosques que fazem parte da vida de moradores e turistas.
No entanto, em 2025, esses empreendedores enfrentam um desafio que ameaça sua permanência: o aumento significativo dos valores dos alvarás. Casos concretos ilustram a gravidade: taxas que saltaram de R$700 para quase R$3.000 e, em outros municípios, de R$1.700 para impressionantes R$9.000.
Não se trata apenas de um reajuste; é uma barreira quase intransponível para trabalhadores cuja renda é sazonal e, muitas vezes, limitada. Ao elevar tanto o custo da legalização, as prefeituras correm o risco de empurrar esses profissionais para a informalidade, perdendo controle e arrecadação, além de prejudicar a experiência dos visitantes.
É preciso lembrar que esses ambulantes são parte fundamental do turismo regional. São eles que acolhem, informam, vendem e enriquecem a vivência de quem visita nossas praias. O dinheiro que circula por suas mãos permanece na economia local, especialmente nos meses de inverno, quando o comércio tradicional encolhe e as oportunidades rareiam.
Legalizar é importante, mas precisa ser viável. Em vez de sufocá-los com taxas impagáveis, as prefeituras deveriam investir na qualificação desses profissionais: oferecer cursos de idiomas, gestão, vendas e atendimento pode transformá-los em verdadeiros guias turísticos, preparados para encantar e fidelizar quem chega de fora.
Valorizar o ambulante legalizado é fortalecer o turismo, ampliar a arrecadação e estimular o desenvolvimento regional. O caminho não é dificultar, mas sim capacitar e integrar. Que as administrações municipais repensem suas políticas, apostando no diálogo e na inclusão, para que o Litoral Norte siga sendo sinônimo de acolhimento, diversidade e prosperidade.

* Matheus Junges é jornalista, empresário, formado em Administração e Gestão Ambiental. Atualmente é diretor na Secretaria Estadual de Turismo. Foi secretário em Torres de 2015 a 2024.
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