Quinta-feira, 06 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2019
O ano termina com a percepção de que o juro baixo veio para ficar e o hábito rentista do brasileiro terá de se adaptar, na avaliação de Luiz Sorge, presidente-executivo da BNP Paribas Asset Management Brasil. “Nós, brasileiros, depois de décadas de cultura rentista, com inflação e juros altos, passaremos a ter duas alternativas de ganhar dinheiro de forma lícita: será necessário trabalhar ou investir em ativos, reais ou financeiros, que exigirão análise e decisão sofisticadas”, diz Sorge.
A tendência de juros baixos no Brasil pode durar vários anos, se o atual movimento global de juros próximos de zero se somar a uma estabilidade macroeconômica local, calcula Sorge.
“Em termos de retorno de investimentos, o desafio não está só no juro nominal baixo, previsto para algo ao redor de 4,5% para 2020. Também temos que pensar que isso nos leva a uma taxa real, taxa nominal descontada a inflação, próxima de 1% ou menor”, afirma ele.
O executivo diz que não vislumbra uma ameaça no novo cenário para os investidores. Ao contrário, ele vê espaço para evolução e amadurecimento.
Na perspectiva de Sorge, nascerá um olhar aprofundado sobre investimentos no Brasil, preocupado em monitorar de perto a economia global e as dinâmicas macro e microeconômica local. Disciplina fiscal, reformas e melhoria do ambiente de negócios estão no radar.
Estabilidade em risco
Após cinco anos de crise política, problemas econômicos ou turbulência comercial, o México e o Brasil finalmente desfrutam de um momento de estabilidade cambial. Mas essa fase não deve durar muito.
A volatilidade implícita de um mês para ambas as moedas caiu no quarto trimestre em meio à trégua comercial entre Estados Unidos e China e sinais de manutenção prolongada dos juros pelo Federal Reserve.
No âmbito doméstico, a aprovação da reforma da Previdência no Brasil, intervenções do Banco Central e o acordo comercial fechado pelo México com EUA e Canadá (USMCA) ajudaram a eliminar possíveis incertezas.
Mas a chave da volatilidade em 2020 pode estar nas taxas de juros. O banco central do México já reduziu os juros overnight em 100 pontos-base desde agosto.
O mercado precifica outro corte de 1 ponto percentual em 2020, embora as taxas do México continuem entre as mais altas dos mercados emergentes. No Brasil, o dólar atingiu máximas históricas contra o real com a Selic no menor nível já registrado. O menor apelo dos juros nos dois países pode levar a mais volatilidade.
O Commerzbank espera desvalorização do peso mexicano abaixo de 19 depois que a “euforia” em torno da aprovação do USMCA no Congresso dos EUA tiver evaporado. Com um crescimento decepcionante e cortes contínuos das taxas, a queda da moeda mexicana certamente pressionará os indicadores de volatilidade.
“Espero um aumento da volatilidade no próximo ano”, disse Ilya Gofshteyn, estrategista do Standard Chartered, em Nova York. “Colchões de menor rendimento sugerem que o real e o peso mexicano se tornarão mais vulneráveis a episódios de maior volatilidade ao longo de 2020.”