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Brasil O aquecimento global pode gerar danos irreversíveis à saúde

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Doenças relacionadas ao clima só passaram a ser denunciadas em 2013. (Foto: Reprodução)

Desnutrida, menos produtiva, mais vulnerável a doenças infecciosas e catástrofes naturais. A população mundial está cada vez mais exposta a enfermidades como consequência direta e indireta das mudanças climáticas. Os danos à saúde provocados por eventos extremos foram tema de um estudo internacional publicado na revista “Lancet”. Segundo seus autores, as transformações ambientais provocadas pelo homem ameaçam minar os progressos realizados pela medicina nos últimos 50 anos.

“A resposta demorada às mudanças climáticas nos últimos anos prejudicou a vida humana e seus meios de subsistência”, criticaram representantes das 24 organizações que elaboraram o relatório chamado “A contagem regressiva: acompanhamento dos progressos em saúde e mudanças climáticas”. Os sintomas, ressaltam, são “potencialmente irreversíveis” e terão um impacto desproporcional no planeta, afetando principalmente os países que emitem menor quantidade de gases de efeito estufa.

Com a elevação da temperatura da Terra, aumentou em 125 milhões, desde o início do século, o contingente de afetados pelas ondas de calor, como as registradas no último verão europeu. A produtividade do trabalho rural caiu 5,3% desde 2000 — no ano passado, a elevação dos termômetros tirou mais de 920 mil pessoas da força de trabalho. O aquecimento global é implacável com a agricultura. Estima-se que, a cada aumento de 1 grau Celsius na temperatura, a produção de trigo cai 6% e a de arroz, 10%. Com menos comida, maior a incidência da desnutrição.

De acordo com o levantamento da “Lancet”, a poluição atmosférica mata cerca de 18 mil pessoas por dia. Na amostra aleatória de cidades realizada pelos pesquisadores, concluiu-se que 87% estão violando as diretrizes de poluição atmosférica estabelecidas pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva destaca que, por pressão dos países desenvolvidos, a saúde nunca mereceu um capítulo nos relatórios do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas). As doenças relacionadas ao clima só passaram a ser denunciadas em 2013, quando a OMS debruçou-se sobre o tema.

“Houve um aumento acentuado da área de circulação de mosquitos transmissores de doenças como a dengue e a malária, porque as cidades estão mais quentes e, por isso, semelhantes às florestas tropicais, o seu habitat natural”, destaca Saldiva. “Devemos mostrar às pessoas o impacto das mudanças climáticas em suas vidas, e não em um futuro distante. Por exemplo, como a preferência por caminhar, em vez de usar meio de transporte, pode reduzir a ocorrência de doenças como o infarto.”

Para Saldiva, a discussão climática nacional caminha a passos mais lentos do que a de outras nações em desenvolvimento, como a Índia e a China. O Brasil, alerta, não é transparente sobre “o preço a ser pago com as mudanças do clima”:

“Mostramos gráficos sobre o aumento da poluição atmosférica, mas sem explicações sobre suas consequências éticas e morais. Não falamos, por exemplo, sobre a perda de expectativa de vida e o potencial aumento de casos de câncer e aborto. Tampouco informamos à população sobre o aspecto econômico: ignoramos o número de pessoas acometidas por problemas de saúde ligados ao clima e, por isso, não fazemos estatísticas relacionadas a diversos prejuízos, como a perda de horas de trabalho provocada por adoecimento.”

As catástrofes naturais estão cada vez mais integradas à paisagem no século XXI. Entre 2000 e 2016, houve um aumento global de 46% nos desastres meteorológicos. Somente em 2016, foram registradas US$ 129 bilhões de perdas econômicas causadas por eventos relacionados ao clima. No Brasil, entre as 59 cidades que responderam a uma pesquisa da instituição de sustentabilidade Carbon Disclosure Project, 30 não fizeram avaliações de risco das mudanças climáticas.

Coordenador-geral de Pesquisas e Desenvolvimento do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), José Marengo considera que o prejuízo e o número de vítimas em catástrofes podem ser reduzidos na “marra” se os países reduzirem as emissões de gases-estufa:

“Se formos severos, será possível frear o aquecimento global e teremos menos chuvas intensas, um dos eventos climáticos extremos. Também me preocupo com as ondas de calor, cujo impacto tende a aumentar entre crianças e idosos.”

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https://www.osul.com.br/o-aquecimento-global-pode-gerar-danos-irreversiveis-saude/ O aquecimento global pode gerar danos irreversíveis à saúde 2017-10-31
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