Terça-feira, 23 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil O Brasil gastou R$ 16 bilhões com a reprovação de alunos em 2016, aponta levantamento

Compartilhe esta notícia:

Não há uma legislação que regulamente a reprovação escolar no País. (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

O Brasil gastou quase R$ 16 bilhões ao reprovar em 2016 cerca de 3 milhões de alunos da educação básica, o equivalente a 10,26% do estudantes da rede pública, de acordo com análise dos dados mais recentes do Censo Escolar. Dos R$ 16 bilhões, aproximadamente R$ 12 milhões foram usados pelos municípios, responsáveis pelo ensino fundamental (1º ao 9º ano), e o restante, R$ 4 bilhões, pelos Estados, que são provedores do ensino médio.

Atingindo um percentual de alunos até três vezes maior do que ocorre em países desenvolvidos, o gasto total da reprovação equivale a cerca de 8% do que foi investido pelo governo federal em educação no ano de 2016. Os números integram o levantamento feito pelo IDados, consultoria de análise especializada em educação com base nos dados do Censo Escolar.

O tema divide especialistas e até quem já passou pela experiência de uma reprovação. A educadora Juliana Reis, que hoje é diretora da escola, diz que foi importante sua reprovação aos 14 anos, mas hoje é contra o uso indiscriminado do método.

Legislação

Não há uma legislação que regulamente a reprovação escolar no País. Os municípios e Estados são livres para definirem seus modelos. Há, entretanto, desde 2011, uma recomendação do CNE (Conselho Nacional da Educação) para que as crianças não sejam reprovadas nos três primeiros anos do ensino fundamental. A progressão continuada é indicada neste período para não comprometer o processo de alfabetização.

Custo social

Além do ônus econômico, os altos índices de reprovação escolar no Brasil têm o que especialistas chamam de “custo social”. Ruben Klein, pesquisador da Fundação Cesgranrio, lembra que a repetência reforça a desigualdade social, pois atinge principalmente os alunos mais pobres das Regiões Norte e Nordeste e não brancos. “Também afeta os meninos mais do que as meninas porque a repetência é tratada como punição e não está ligada somente à questão da aprendizagem. A escola teria de, em vez de repetir, dar apoio aos alunos e fazer avaliações constantes.”

Segundo Klein, o principal efeito da repetência é a evasão escolar. Ele lembra que 15% dos jovens brasileiros com idades entre 15 e 17 anos, que deveriam estar cursando o ensino médio, não estão na escola e este cenário mudou lentamente na última década.

Abandono

Em 2016, um total de 7,5% dos estudantes da rede pública abandonaram a escola no ensino médio, e outros 3,5% nos anos finais do ensino fundamental. De acordo com o pesquisador, cerca de 80% dos alunos que abandonaram a escola repetiram de ano pelo menos uma vez. Além disso, há evidências de que o estudante que precisa refazer uma determinada série não necessariamente aprende. “Pode haver exceções, mas as avaliações mostram que o aluno não aprende o que deveria aprender no ano que repetiu. A média dos alunos que não estão na idade correta em relação à série geralmente é baixa. Os atrasados sempre têm média pior, a repetência é um desastre.”

Comparação com outros países

Os índices brasileiros de reprovação estão entre os mais altos do mundo. Entre os países latino-americanos que participaram do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) 2015, apenas a Colômbia possui uma taxa de repetência escolar (43%) superior à do Brasil. Entre os jovens brasileiros de 15 anos, 36% afirmaram ter repetido uma série ao menos uma vez. Na Coreia do Sul e na Finlândia, que registram as taxas mais baixas, respectivamente, apenas 3,6% e 3,8% dos alunos responderam que já haviam sido retidos.

A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) apontou que a repetência escolar é uma prática mais comum entre os países com baixo desempenho do Pisa e também está associada a níveis mais elevados de desigualdade social na escola. Em 2016, o País reprovou 9,5% dos alunos do ensino fundamental da rede pública. No ensino médio, o índice foi de 12,9%.

O dado mais recente, de 2016, mostra que os Estados da Região Nordeste foram os que mais reprovaram no terceiro ano do ensino fundamental. No total, o Brasil gastou R$ 1,8 bilhão com a reprovação de 341.764 crianças matriculadas nesta série. No Sergipe, o índice de reprovação chegou a 24%, seguindo por Pernambuco, Bahia e Alagoas que ficaram na casa dos 22%.

A Bahia manteve os índices acima dos 22% de reprovação também no sexto e sétimo anos. No sexto ano, o Sergipe reprovou cerca de 35% dos alunos e no sétimo ano, a repetência atingiu 29% dos alunos. No ensino médio, a repetência é mais alta no primeiro ano. Em 2016, foram reprovados 520.346 alunos, que custaram R$ 2,3 bilhões para os Estados. Os que mais reprovaram neste ano foram Rio Grande do Sul (32%), Mato Grosso (30%), Bahia e Espírito Santo (25%).

tags: Brasil

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Receita Federal analisa redes sociais para checar patrimônio das pessoas
Judiciário vê sinais de que juiz federal Sérgio Moro “extrapolou” na Operação Lava-Jato
https://www.osul.com.br/o-brasil-gastou-r-16-bilhoes-com-reprovacao-de-alunos-em-2016-aponta-levantamento/ O Brasil gastou R$ 16 bilhões com a reprovação de alunos em 2016, aponta levantamento 2018-03-02
Deixe seu comentário
Pode te interessar