Quarta-feira, 08 de outubro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral O Brasil vira uma rota importante de shows para bandas estrangeiras

Compartilhe esta notícia:

Até 2010, Paul McCartney havia feito dois shows no Brasil. Entre 2010 e 2019, foram 25. (Foto: Reprodução)

Em fevereiro de 2006, dois shows pararam o Brasil. Em um sábado, os Rolling Stones se apresentaram para mais de um milhão de pessoas em Copacabana. Dois dias depois, o U2 tocou duas vezes seguidas no Morumbi, em São Paulo. Os dois shows passaram na Globo, o que dá noção da importância do momento.

Não eram os primeiros shows de grande porte no Brasil mas, a partir dali, momentos como aquele se tornaram muito mais frequentes. Em 2007, o Police lotou o Maracanã, e Madonna fez o mesmo no ano seguinte. Até 2010, Paul McCartney havia feito dois shows no Brasil. Entre 2010 e 2019, foram 25.

“[Nos anos 1990], os shows eram esparsos. Não tínhamos grande estrutura de produção nem o volume de público que hoje os millennials representam”, diz Fernando Alterio, presidente da Time For Fun no Brasil. “É impossível comparar o fluxo de artistas — principalmente internacionais — que hoje passam pelo Brasil.”

Segundo alguns dos principais promotores de shows no país, os motivos são vários. Vão desde a cotação baixa do dólar, que em 2011 chegou a R$ 1,60 — o que significava cachês mais baratos — até a construção de estádios para a Copa do Mundo de 2014, além de arenas já feitas para receber shows, como o Allianz Parque.

Mas o principal fator para o boom nos anos 2010 foi a mudança na indústria fonográfica. “Com a queda das gravadoras, os shows passaram a ter rendimento fortíssimo para os artistas e isso claramente aumentou a frequência no Brasil”, diz William Crunfli, diretor da Move Concerts, empresa que promoveu, entre outras, as apresentações do Iron Maiden.

A digitalização do consumo de música, diz Alterio, alterou a dinâmica de faturamento dos músicos. “A receita, em termos de vendas de discos e direitos autorais, caiu de forma muito importante. Isso fez com que os artistas passassem a depender de cerca de 95% de shows em suas receitas.”

Em 2006, quando U2 e Stones vieram, esse processo ainda não era claro. Com o compartilhamento de arquivos —fortalecendo a pirataria — e os iPods e players de mp3, o acesso à música crescia gradativamente, enquanto o faturamento com vendas de discos caía.

Esse processo de priorizar shows em detrimento de vender discos, em menor escala, já acontecia no Brasil. Artistas de forró e brega até hoje não apenas disponibilizam músicas gratuitamente como pagam — seja em streaming gratuito ou em vendedores de CDs piratas — para que elas tenham destaque.

A música, nesse caso, funciona como convite para o show — o que também explica o fascínio do mercado brasileiro com registros ao vivo, sejam eles álbuns ou DVDs. E o aumento do consumo de música, ainda que rendendo menos dinheiro aos artistas, de fato, se reflete nas bilheterias.

Segundo pesquisa da PwC Brasil, os gastos do brasileiro com música em plataformas digitais devem quase dobrar, de US$ 269 milhões em 2018 para US$ 547 milhões até 2023.

Em paralelo, os gastos com ingressos de shows devem continuar crescendo, chegando a 18% dos gastos do consumidor com música em 2023.

Roberto Medina, criador do Rock in Rio, recorda a primeira edição do festival, em 1985. “Saímos da pré-história, ganhamos a maioridade de uma vez”, diz. “O Brasil não estava no roteiro de ninguém. Diziam que a gente não pagava. O pouco que havia sido feito foi malfeito.”

Depois de 1991 e 2001, o festival só voltou ao formato atual, com edições de dois em dois anos, em 2011. Era um momento propício, com a chegada de outro megaevento, o Lollapalooza, em 2012. De acordo com a PwC, na última década, o Brasil se tornou um gigante no segmento.

“Somos o segundo mercado da América Latina de shows ao vivo, atrás apenas do México”, diz Ricardo Queiroz, sócio e líder do setor de mídia da PwC. “Porém, enquanto na América Latina e no México o esperado é que o segmento cresça, respectivamente, 4,6% e 4,5%, o Brasil deverá crescer 5,2% ao ano até 2023.”

A bilheteria de shows no Brasil foi de US$ 106 milhões em 2018; e deve chegar a US$ 139 milhões em 2023. “Somando os gastos com publicidade, o total do mercado de música ao vivo deve saltar de US$ 134 milhões em 2018 para US$ 172 milhões em cinco anos”, diz.

Um crescimento tão grande deste mercado pode começar a mostrar um esgotamento. Em 2019, pela primeira vez desde que voltou ao Brasil, o Rock in Rio teve alguns dias com ingressos disponíveis. Muse, atração do festival carioca, chegou a mudar o local onde se apresentaria em São Paulo, pela fraca venda.

A tendência, dizem os promotores, é apostar na melhoria da experiência. Afinal, para ver seu artista favorito pela primeira vez, sem a certeza de que ele vai voltar, qualquer perrengue vale. Para vê-lo pela terceira ou quarta vez, a situação é diferente.

No Rock in Rio, 60% das pessoas vão ao festival não por um show específico, mas pela experiência. E a tendência é a porcentagem aumentar. “Você vai passar um dia com sua família ou namorada, comer, beber, ter conforto e segurança. É um momento em que a música está presente, mas você é o centro disso. O público até escolhe o dia da banda que gosta, mas ele vai de qualquer jeito. É procurar fazer um momento único, que você vai contar para os filhos.”

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

Sandra de Sá e Jorge Aragão falam da emoção e do desafio de estrear na Sapucaí no papel de compositores de escolas de samba
A Austrália foi atingida por tempestades de poeira e granizo em menos de 24 horas
https://www.osul.com.br/o-brasil-vira-uma-rota-importante-de-shows-para-bandas-estrangeiras/ O Brasil vira uma rota importante de shows para bandas estrangeiras 2020-01-20
Deixe seu comentário
Pode te interessar