Sábado, 27 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de abril de 2018
Em mensagem na abertura do Dia do Exército, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, afirmou que a banalização da corrupção, a impunidade e a ideologização dos problemas nacionais são a real ameaça à democracia. Ele também defendeu as eleições como a solução que o País precisa.
“Não podemos ficar indiferentes aos mais de 60 mil homicídios por ano, à banalização da corrupção, à impunidade, à insegurança ligada ao crescimento do crime organizado, e à ideologização dos problemas nacionais”, declarou o militar na Ordem do Dia, mensagem assinada por ele e lida por um oficial.
“São essas as reais ameaças à nossa democracia e contra as quais precisamos nos unir efetivamente, para que não retardem o desenvolvimento e prejudiquem a estabilidade”, acrescentou, tendo ao seu lado o presidente Michel Temer na cerimônia.
“Nas eleições que se aproximam caberá à população definir de forma livre, legítima, transparente e incontestável a vontade nacional. Definido o resultado da disputa, unamo-nos como nação”, prosseguiu.
As eleições, defendeu Villas Bôas, irão “agregar valores, engrandecer a cidadania e comprometer os governantes com as aspirações legítimas de seu povo”, acrescentando que o Exército “acredita neste postulado”.
Polêmicas
A declaração de Villas Bôas ocorreu duas semanas depois dele ter usado sua conta no Twitter para falar em repúdio à impunidade, na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Em duas postagens na ocasião, o general criticou a situação no país e disse que era preciso saber quem se preocupava com o bem do país e quem estaria apenas pensando em interesses particulares.
“Asseguro à nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atendo às suas missões institucionais”, escreveu.
As mensagens foram vistas na ocasião por alguns setores como uma forma de pressão sobre o STF e criaram reação dentro de setores conservadores do Exército, que viram a declaração do general como um incentivo a uma ação mais forte por parte dos militares.
O procurador da República no Distrito Federal, Ivan Cláudio Marx, pediu então explicações ao ministro interino da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, sobre as declarações feitas pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas.
Em um adendo a uma investigação já aberta para apurar a fala do general Antonio Hamilton Mourão (que, durante uma palestra em setembro do ano passado havia dito que, se o mundo político não se entendesse, os militares poderia ter que “impor uma solução”), o procurador pediu que se oficiasse o ministro para “ciência e manifestação sobre eventual risco de função interventora das Forças Armadas”.