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Saúde “O confinamento por causa do coronavírus é o maior experimento psicológico da história”, diz uma especialista em trauma

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Ansiedade é um dos problemas que pode surgir no confinamento. (Foto: Reprodução)

Estima-se que pelo menos 2,6 bilhões de pessoas foram colocadas sob alguma forma de quarentena em março. Isso representa um terço da população mundial. Em meados de junho, o coronavírus, doença causada pelo novo coronavírus, já havia contaminado mais de 9 milhões de pessoas e matado pelo menos 470 mil.

Segundo Elke Van Hoof, professora de psicologia da saúde na Universidade de Vrije, em Bruxelas, e especialista em estresse e trauma, estamos diante do “maior experimento psicológico da história”. A falta de atenção das autoridades à assistência psicológica durante a pandemia fará o mundo pagar o preço, diz ela. A seguir, veja trechos da entrevista de Elke Van Hoof à BBC Mundo, feita por telefone.

1) O que a pandemia pode nos ensinar sobre como as pessoas respondem à adversidade?

Primeiro, que somos resilientes, ou seja, a maioria de nós conseguiu se reinventar e recriar nossas vidas da melhor maneira possível durante a quarentena. Temos forças para nos tornar a melhor versão de nós mesmos, independentemente da situação difícil em que nos encontramos. Então, há uma mensagem de esperança. Segundo, temos as habilidades e o treinamento para melhorar ainda mais, porque podemos treinar as pessoas para terem resiliência.

2) Por que diz que a quarentena é o maior experimento psicológico da história?

Porque não sabemos como as pessoas vão responder. O surto de Ebola foi local, em menor escala e apenas em alguns países. Agora, temos empresas que tiveram que fechar e um terço do mundo está confinado. Portanto, não temos um modelo, não sabemos o que vai acontecer. E isso para mim é a definição de um experimento.

3) Quais podem ser as consequências psicológicas?

A quarentena tem algumas possíveis consequências mentais.A primeira pode ser a pessoa ter a sensação de estar sobrecarregada, não ser capaz de lidar (com obrigações), ter problemas para dormir, ficar mais irritada…

Se você tem uma estrutura familiar, não está sozinho. Mas se você não tiver, tudo se torna bastante solitário. Muitas pessoas estão em quarentena há mais de dois meses, apenas com o contato social de ir ao supermercado ou conectar-se online em uma reunião ou encontro social. Então, os sentimentos de solidão aumentaram muito.

Ao mesmo tempo, quando somos atingidos por uma pandemia de tal magnitude, também tendemos a ser mais solidários e a ter um maior sentimento de coesão social, porque todos sentimos o mesmo. Existem más consequências, mas também existem algumas que dão esperança.

4) É possível que pessoas desenvolvam distúrbios com estresse pós-traumático, como observamos em guerras?

Sim. Se olharmos para as pesquisas que existem hoje, vemos que o nível de estresse está alto. No entanto, acreditamos que apenas uma pequena porcentagem desse nível de aumento se transformará de fato em transtorno de estresse pós-traumático, aproximadamente de 5 a 10%. E existem certos grupos de risco que podemos identificar. Os mais óbvios são as pessoas que trabalham na área da saúde porque estão na linha de frente.

5) Que sintomas devem causar alerta?

Uma pessoa pode desenvolver qualquer sintoma. Entre eles: sentir-se mais ansioso, sentir pressão no peito, falta de ar, não dormir bem, ficar mais irritado, ficar muito emotivo…

Temos que enfatizar que essas são respostas normais a uma situação excepcional e é um sinal de que o corpo e o cérebro estão tentando se adaptar à nova realidade. Mas quando ficar alerta? Quando a pessoa não consegue mais funcionar normalmente em sua rotina. É aí que é bom procurar ajuda, e pode ser autoajuda ou apoio profissional.

Em muitos países, há sites nos quais uma pessoa que não está se sentindo bem pode obter ajuda. Uma boa ferramenta para saber quando você está em uma zona vermelha (alerta) é o que chamo de “pontuação APGAR (pela sigla em inglês)”, que normalmente é usada para monitorar crianças pequenas e que agora adaptamos como uma ferramenta para saber quando alguém precisa fazer alguma coisa sobre seu emocional.

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https://www.osul.com.br/o-confinamento-por-causa-do-coronavirus-e-o-maior-experimento-psicologico-da-historia-diz-especialista-em-trauma/ “O confinamento por causa do coronavírus é o maior experimento psicológico da história”, diz uma especialista em trauma 2020-06-28
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