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Por Redação O Sul | 25 de janeiro de 2020
Com investidores de olho em Davos e preocupados com o surto de coronavírus na China, o dólar comercial voltou a subir e fechou o dia em R$ 4,186. Com a alta de 0,45% registrada hoje, a moeda americana acumulou variação positiva de 0,5% na semana.
Na avaliação de Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, essa oscilação do dólar entre R$ 4,15 e R$ 4,20 já era prevista para o ano. “O movimento de hoje é normal, sem grandes indicadores no radar, com o foco no coronavírus e no Fórum Econômico Mundial”, explicou.
O Ibovespa também foi afetado pelo vírus chinês, ainda que em menor grau. O principal índice da Bolsa brasileira encerrou o pregão em queda de 0,96%, aos 118.376,36 pontos, ficando praticamente estável (-0,09%) na semana.
Vírus chinês
A preocupação em relação ao surto de infecções por coronavírus na China, que já matou 26 pessoas e deixou mais de 800 doentes, ditou a atuação do mercado finaceiro durante a semana.
O país asiático intensificou as medidas para conter o vírus, interrompendo o transporte público em dez cidades e fechando templos durante o Ano Novo chinês. A Cidade Proibida e parte da Grande Muralha também foram bloqueadas.
Ontem, a OMS (Organização Mundial da Saúde) reconheceu que o novo coronavírus é uma emergência para a China, mas optou por não classificá-lo como epidemia de preocupação internacional, o que acalmou moderadamente o sentimento mundial.
Argentina
O movimento das casas de câmbio da calle Sarmiento, no centro de Buenos Aires, tem sido fraco nestes dias, embora seja janeiro —uma época em que muitos buscam dólares para ir viajar. “Está sendo atípico, mas esperar o quê? Se a pessoa tem de pagar uma taxa de 30% (imposta pelo governo) para comprar dólares, prefere fazê-lo de outro modo, se houver, ou deixar as férias para outro momento”, diz o dono de uma delas à Folha, sem querer se identificar.
Pouco antes de deixar o governo, o então presidente, Mauricio Macri, impôs limite de compra para os argentinos de até US$ 200 (R$ 836) por mês, para evitar que o valor do peso despencasse ainda mais. Isso segue vigente. A fuga de divisas estancou-se um pouco, mas também têm entrado menos dólares no mercado.
“Eu sou de classe média e estava juntando para sair de férias em julho para Miami com minha filha. A cada mês, comprava um pouco de dólares. Tive de dizer a ela que o sonho ficou pro ano que vem, isso se em 2021 a situação não piorar”, diz Alvaro Ochoa, 39.
“Ainda que a gente consiga comprar as passagens de avião, não vamos poder usar cartão de crédito lá fora. Para tudo, vamos gastar 30% só em imposto”, completa. A cobrança adicional é uma referência a uma das primeiras medidas econômicas de Alberto Fernández, novo presidente da Argentina. Em uma tentativa de impedir uma nova rodada de desvalorização do peso argentino, o governo impôs novas alíquotas sobre compras com cartão no exterior e exportações agropecuárias. Com essas ações, os argentinos, acostumados a lidar com duas cotações de dólar, agora precisam lidar com mais de dez.
Os dois mais conhecidos são o oficial (a 63 pesos, pelo Banco Nación) e o blue (clandestino, de 72 pesos a 78 pesos). Para o cidadão comum que compra a moeda para fazer uma poupança, o dólar a 63 pesos não existe numa casa de câmbio comum, pois ele precisa adicionar mais 30% de imposto —o que o eleva a 82 pesos e foi apelidado de dólar solidário, com um toque de ironia (solidário com quem?).
O blue é um dos principais instrumentos para quem quer ter reserva em dólar, reflexo da baixa confiança dos argentinos no sistema bancário. “Eu prefiro comprar o dólar clandestino a guardar em pesos, ainda que investidos, no banco”, afirma Hermínia Salvatierra, 52.