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Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2018
O dólar interrompeu uma escalada de sete pregões e fechou em baixa ante o real nesta sexta-feira (24), num movimento de correção e também conforme a aversão global a risco perdeu força, mas sem abandonar o patamar de R$ 4.
O dólar comercial recuou 0,48%, para R$ 4,104. O dia, no entanto, foi de oscilação e, na máxima, a moeda chegou a R$ 4,133.
Na semana, a moeda ainda acumula alta de 4,8% —maior ganho semanal desde novembro de 2016.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa brasileira, avançou 0,83%, para 76.262,23 pontos. Na semana, o indicador sustenta alta de 0,31%.
Pela manhã, o presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, trouxe tranquilidade ao mercado ao reforçar o gradualismo na alta de juros por lá. Taxas de juros mais elevadas nos Estados Unidos fortalecem o dólar e atraem, para a maior economia do mundo, fluxo de capital alocado em outros países, como o Brasil.
Powell disse que espera uma gradual, porém firme, política de aumento de juros enquanto o Fed busca equilibrar o crescimento econômico com pressões inflacionárias e eventuais efeitos colaterais decorrentes da expansão americana.
“Eu vejo o caminho atual de aumentar as taxas de juros gradualmente como a abordagem de levar a sério os dois riscos”, afirmou.
A fala de Powell pode ser entendida como um recado ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que já atacou publicamente a política monetária do Fed. Em julho, afirmou que a alta feria a economia americana e conflitava com os esforços do governo para impulsionar o crescimento dos EUA.
Segundo Fabrício Stagliano, analista-chefe da Walpires Corretora, embora o discurso de Powell não traga novidades sobre os rumos da política monetária do país, a repercussão foi positiva para o mercado.
Lá fora, 27 das 31 principais divisas do mundo avançaram em relação à moeda americana. O Dow Jones, principal índice de Nova York, avançou 0,52%, e o S&P 500, 0,62%.
“Ele não disse nada de novo, mas também não sinalizou um aumento de juros mais acelerado, e havia essa expectativa por parte do mercado”, diz Stagliano.
Desde dezembro de 2015, o Fed já elevou sete vezes os juros nos EUA. Neste ano, foram duas altas, e mais duas são esperadas —uma na reunião de setembro e outra na de dezembro.
Fator eleição
Na semana, o dólar acumula alta após uma bateria de pesquisas eleitorais mostrarem Geraldo Alckmin (PSDB) —candidato à Presidência preferido pelo mercado por ser visto como um nome reformista— ainda sem tração significativa, ao mesmo tempo em que investidores começaram a precificar a possibilidade de um candidato do PT chegar ao segundo turno.
“Essa semana foi um resumo do que podem ser as próximas até a eleição. A Bolsa, por exemplo, subiu muito num dia, caiu muito no outro e, no fim, ficou quase estável”, diz Alvaro Frasson, analista da Spinelli. O Ibovespa chegou a subir 2,29% na quarta-feira (22) e cedeu 1,65% na quinta —na semana, acumulou 0,33%.
Frasson ressalta que o CDS (credit default swap, termômetro do risco-país) subiu significativamente na última semana, passando de 240,921 pontos para 286,169 pontos.
“O CDS reflete quando o mercado está pagando por um risco de default [calote] do Brasil. Ele anda em sintonia com o dólar, que também é uma medida para se falar de risco-país. No início do ano, quando a confiança dos economistas no crescimento do País ainda era mais alta, o CDS estava na casa de 160 pontos”, explica.
Rafael Passos, analista da Guide Investimentos, diz que o cenário deve ser de volatilidade principalmente até o início da campanha eleitoral na TV, no dia 31 de agosto. Alckmin detém 44% do tempo televisivo na disputa.
“Quando saírem as primeiras pesquisas após o início da propaganda eleitoral teremos mais claro se [Geraldo] Alckmin vai conseguir usar as vantagens que tem do centrão e de tempo de televisão para garimpar votos”, afirma.