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Brasil O embaixador brasileiro que foi afastado tem um histórico de acusações de assédio sexual e moral

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Segundo levantamento do Itamaraty, o número de mulheres na carreira diplomática continua aquém do desejável. (Foto: Divulgação/Itamaraty)

Afastado do cargo na semana passada por causa de denúncias de assédio sexual, o embaixador João Carlos de Souza-Gomes, 69, chefe da delegação do Brasil junto à FAO (braço da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), em Roma, tem um histórico de acusações de subordinadas.

Sete diplomatas e funcionários que trabalharam com Souza-Gomes em postos em que ele serviu, inclusive no último. Todos relataram episódios de assédio sexual e moral.

Segundo relatos de parte das pessoas ouvidas, que pediram para ter seus nomes omitidos, o diplomata exigia que uma subordinada o ajudasse a se vestir: ela tinha de se ajoelhar, colocar as meias nele, abotoar suas calças e fechar sua camisa.

Frequentemente, ainda segundo os relatos, ele saía do banheiro com as calças abaixadas ou a braguilha aberta. E fazia piadas: “Você viu, né? Você gostou, né?”

Em outro posto, relataram entrevistados, teria dito a uma subordinada : “Você estava uma gostosa ontem” e pedido para outros diplomatas aplaudirem a mulher.

“Não falávamos nada porque tínhamos medo, a gente podia sofrer retaliação”, disse uma diplomata.

Uma das vítimas precisou de tratamento psiquiátrico para síndrome do pânico após as investidas do embaixador. Outra passou a tomar remédio contra ansiedade.

Ao longo de 43 anos de carreira diplomática, Souza-Gomes foi designado para postos importantes: chefiou as embaixadas do Brasil na Venezuela e no Uruguai, a missão junto à Unesco, em Paris, e serviu nos consulados em Nova York e São Francisco.

Ele é conhecido como “João do Pulo”, por sua ascensão meteórica na carreira, relacionada por colegas a suas conexões políticas.

Em um posto, segundo um relato, agarrou uma funcionária pelo pescoço e usava a expressão “cabelo Bombril” para falar de alguns funcionários negros. Também há descrições de episódios em que chamava subordinados de “burros” ou “incompetentes” aos gritos.

Em 2011, após acusações de que Souza-Gomes assediou moralmente outro diplomata, o então corregedor Gélson Fonseca foi mandado a Montevidéu para adverti-lo de que o comportamento era inaceitável. O embaixador, porém, foi mantido no posto.

Em Roma, uma funcionária gravou suas conversas.

O ministério abriu um processo disciplinar e afastou o embaixador por 60 dias. A pena prevista para casos assim varia de uma advertência à suspensão por 30 ou 90 dias, podendo chegar à expulsão e cassação de aposentadoria. O processo corre em sigilo e o Itamaraty não comenta.

“O Itamaraty inteiro sabia que o embaixador tinha um histórico de assédio, finalmente isso está sendo apurado”, disse uma diplomata que trabalhou com ele.

“É como o produtor de Hollywood Harvey Weinstein : as pessoas se calaram durante anos, mas hoje não toleram mais esse tipo de coisa”, afirmou, citando o recente escândalo de assédio nos Estados Unidos.

“Existe uma mudança de mentalidade em relação ao assunto”, afirma a embaixadora Sonia Guimarães Gomes, diretora do Departamento de Administração do Itamaraty e coordenadora do comitê de Gênero e Raça.

“É um avanço, porque, antes, por espírito de corpo, os diplomatas não queriam ver os casos de assédio expostos; agora parece que entenderam que sanear a instituição é mais importante do que o espírito de corpo.”

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https://www.osul.com.br/o-embaixador-brasileiro-que-foi-afastado-tem-historico-de-acusacoes-de-assedio/ O embaixador brasileiro que foi afastado tem um histórico de acusações de assédio sexual e moral 2017-11-18
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