Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2017
O empresário Joesley Batista, da JBS/Friboi, divulgou na madrugada deste sábado (02) uma nota em que chama Michel Temer de “ladrão-geral da República” e diz que o presidente não consegue se defender dos crimes que comete.
Joesley, cuja delação premiada serviu de base para que a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentasse a primeira denúncia, por corrupção passiva, contra Temer, diz que a colaboração com a Justiça “é por lei um direito” que o presidente “tem por dever respeitar”.
“Atacar os colaboradores mostra no mínimo a incapacidade do senhor Michel Temer de oferecer defesa dos crimes que comete. Michel, que se torna ladrão-geral da República, envergonha todos nós brasileiros”, diz a nota.
A declaração de Joesley é uma resposta à nota publicada na noite de sexta-feira (01) pelo Palácio do Planalto para antecipar a defesa de Temer e desqualificar as delações do empresário e do operador Lúcio Bolonha Funaro, cujos depoimentos devem embasar a segunda denúncia contra o presidente.
Segundo o Planalto, os irmãos Batista mentiram e omitiram dados dos procuradores e, mesmo assim, “continuam tendo o perdão eterno” do procurador-geral, Rodrigo Janot. Isso porque Joesley decidiu entregar esta semana aos investigadores novos áudios de conversas que teve com políticos para complementar seu acordo de colaboração com a Justiça.
Para o Planalto, a delação de Funaro, ainda sob sigilo, tem “inconsistências” e “incoerências” e representa uma “vontade inexorável” de Janot perseguir o presidente.
Estratégia
A suposta cruzada pessoal do procurador-geral contra Temer e o passado de Funaro, que já foi desacreditado pelo Ministério Público Federal há um ano, serão usados na defesa do presidente, que decidiu antecipar seu retorno de uma viagem à China diante da possibilidade de a nova denúncia contra ele ser apresentada na próxima semana.
A delação de Funaro está sob sigilo e deve ser homologada nos próximos dias pelo Supremo Tribunal Federal. Em seus depoimentos, o doleiro afirma que recebeu R$ 400 mil da JBS para se manter em silêncio, mas ainda não está claro se Funaro atribui a ordem do pagamento a Temer, ou implica o presidente em qualquer outro crime.
Na nota, Joesley não cita nenhum dado em relação a Funaro. Antes de fechar o acordo com os investigadores, o operador havia dito à Polícia Federal no mês passado que os pagamentos foram feitos para quitar uma dívida antiga com a JBS, visto que intermediou negócios da empresa.
A versão se chocava com do próprio Joesley, que disse que pagava para que o doleiro e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) permanecessem calados. O empresário diz ainda que relatou os repasses em conversa gravada entre ele e Temer no Palácio do Jaburu, em março.
Os procuradores também avaliaram que a primeira versão de Funaro sobre os R$ 400 mil não fazia sentido visto que sua irmã, Roberta, foi escalada para receber o dinheiro dentro de um táxi, de forma ilegal. Não seria assim se não houvesse alguma irregularidade, avaliaram os investigadores.
Temer, que nega qualquer ilegalidade, diz, via assessoria, que “se resguarda o direito de não tratar de ficções e invenções de quem quer que seja”. (Folhapress)
Confira a íntegra da nota de Joesley:
“A colaboração premiada é por lei um direito que o senhor presidente da República tem por dever respeitar. Atacar os colaboradores mostra no mínimo a incapacidade do senhor Michel Temer de oferecer defesa dos crimes que comete. Michel, que se torna ladrão geral da República, envergonha todos nós brasileiros.”