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Por Redação O Sul | 7 de abril de 2020
 
				O estado de Nova York estabeleceu um novo recorde de mortes pelo coronavírus em 24 horas. Foram 731 vítimas fatais registradas em apenas um dia, 101 pessoas a mais que o número anterior. A informação foi anunciada pelo governador Andrew Cuomo.
O aumento das mortes vem na contramão da queda do número de pessoas internadas na UTI, o que pode ajudar Nova York a se preparar para as próximas internações de pacientes em estado grave. O estado norte-americano já acumula 5.489 mortes pela Covid-19 e é o mais afetado do país.
Cuomo atribuiu o aumento nas mortes ao momento em que essas pessoas foram internadas. Segundo o governador, as novas vítimas deram entrada nos hospitais no auge do aumento da epidemia no Estado, não tendo tratamento adequado. “Quanto mais tempo você fica num respirador (mecânico), menores são as chances (de sobrevivência)”, explicou.
O governador também tentou trazer um pouco de conforto às famílias e amigos que perderam pessoas queridas. “Por trás de cada pessoa desses números está um indivíduo, está uma família, uma mãe, um pai, um irmão, uma irmã. Então hoje é muito doloroso de novo”, afirmou Cuomo.
Nova York permanece como o epicentro da pandemia nos Estados Unidos, com 113.704 casos confirmados. Mais da metade desses casos estão na cidade de Nova York, onde cerca de 74 mil pessoas já foram contaminadas.
Para tentar conter a contaminação no território, Cuomo promete anunciar novas medidas até esta quinta-feira (9). Entre elas, deve figurar uma multa de mil dólares para quem não cumprir as determinações de distanciamento social decretadas pela quarenta, em vigor no Estado desde 20 de março.
Empréstimo de respiradores
O governador da Califórnia, Gavin Newson, anunciou que irá emprestar 500 respiradores artificiais para Nova York. Com muito menos casos de Covid-19, o Estado não enfrenta sobrecarga em seus hospitais, embora o governador saiba que o quadro ainda pode mudar.
“Em tempos de crise, é mais importante do que nunca que sejamos os Estados UNIDOS da América… sei que, se a mesa virar, outros estados estarão aqui por nós”, escreveu em seu perfil no Twitter.
Oficialmente, o coronavírus chegou à Califórnia antes de Nova York. Enquanto o primeiro Estado declarou seu primeiro caso positivo em 25 de janeiro, o segundo só o fez em 1º de março. No dia 9 do mês passado, porém, ambos tinham números muito próximos: eram 114 casos na Califórnia e 142 em Nova York – que começava a registrar seus primeiros grandes saltos em períodos de 24 horas.
Hoje, a diferença entre ambos é impressionante. Nova York é o Estado com mais casos e mortes nos Estados Unidos, o que ajuda a colocar o país no topo do ranking mundial de casos e no terceiro lugar entre os com maior índice de falecimentos pela Covid-19.
Segundo o The New York Times, há 131.239 casos confirmados no Estado, e mais de 4 mil pessoas já morreram. Enquanto isso, pela mesma fonte, a Califórnia, Estado mais populoso do país, registra 15.221 casos confirmados, com 351 mortes.
Fatores como a própria densidade populacional, de ocupação mais espaçada, e o tipo de economia local, com forte setor de tecnologia, beneficiam o Estado da costa oeste norte-americana.
Mas, mais do que isso, ações antecipadas do governo e o respeito da população às recomendações e ordens de isolamento são apontados como os principais fatores para que os californianos agora não enfrentem o mesmo cenário desolador vivido por nova-iorquinos.
Como abriga muitas empresas de tecnologia na área do Vale do Silício, a Califórnia foi pioneira na adoção do home office em grande escala. A própria natureza do trabalho permitiu que milhares de funcionários de grandes empresas pudessem realizar suas tarefas à distância, evitando deslocamentos e concentrações em transportes públicos e escritórios
O Estado foi ainda o primeiro nos Estados Unidos a determinar uma rigorosa quarentena, em 19 de março, permitindo que os moradores saíssem de casa apenas para comprar comida e medicamentos, ou para se deslocar para trabalhos considerados essenciais e que só pudessem ser realizados presencialmente.
Na época, a decisão, que afetou 40 milhões de pessoas, foi considerada precipitada e exagerada por alguns. “Este não é um estado permanente, este é um momento”, disse na ocasião o governador Gavin Newson. “Adiante olharemos para essas decisões como primordiais”, acrescentou.
Ele citou projeções que indicavam que até 56% da população – ou mais de 25 milhões de pessoas – poderiam ser infectadas nas oito semanas seguintes sem a quarentena.