Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2017
Acusado de lavar mais de 50 milhões de reais, o ex-advogado da Odebrecht e da UTC Rodrigo Tacla Durán causou um alvoroço ao fazer sérias denúncias dos bastidores da Operação Lava-Jato.
Em depoimento no fim de novembro à CPI da JBS, Durán incrimina o advogado Carlos Zucolotto Jr, ex-sócio da esposa do juiz federal Sérgio Moro e padrinho de casamento do casal, de oferecer delação premiada com pagamento de caixa 2.
O acordo reduziria a multa de 15 milhões de dólares para 5 milhões de dólares, com a condição de Durán pagar 5 milhões de dólares “por fora”, a título de honorários, porque “havia o pessoal que ajudaria nessa tarefa”. Nesse pacote constaria ainda a prisão domiciliar em lugar do regime fechado.
Os procuradores Júlio Noronha e Roberson Pozzobon teriam lhe enviado o esboço da colaboração, conforme os termos propostos por Zucolotto. O réu apresentou à CPI imagens periciadas da conversa com o advogado.
Por considerar que estava sendo extorquido, além do risco de ser preso preventivamente, Durán decidiu não aceitar o negócio e se mudou para a Espanha, onde tem dupla cidadania, com a família.
Moro declarou, por meio de nota, ser “lamentável que a palavra de um acusado foragido da Justiça brasileira seja utilizada para levantar suspeitas infundadas”.
Tacla Durán também acusa o ex-procurador Marcello Miller de oferecer colaboração “à la carte”: uma lista de políticos que poderia incriminar. A cooperação não pode ser induzida.
Miller nega. “Ele é um enganador: enganou a Lava-Jato com argumentos artificiosos para deixar o País; e agora tenta enganar o Congresso com estórias estapafúrdias.” As denunciações serão averiguadas pelo Ministério Público. O jurista Walter Maierovitch acredita em um conchavo contra a operação.
Documentos
Tacla Durán também denuncia que os extratos entregues pela Odebrecht ao MP como prova foram “adulterados” e “falsificados”.
Ele afirma ter identificado as modificações após ter seu nome apontado em irregularidades da empresa. Os documentos estariam fora do padrão do banco, com incongruência de nomes e datas. Apontado como doleiro, Durán afirma ter atuado somente como advogado e nega que tenha cometido crimes.
Entre os dados que ele coloca sob suspeita estão extratos anexados pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot na segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. O réu entregou cópia da documentação à CPI, mas pediu que fosse mantido sob sigilo.
“Se tem uma prova de adulteração, todas as provas que saem daquele sistema são viciadas”, relatou o ex-defensor do grupo. Atualmente refugiado na Espanha por conta de sua dupla nacionalidade, Rodrigo Tacla Durán já chegou a ser preso em Madri, mas foi liberado e conseguiu decisão para não ser extraditado.