Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2017
O ex-deputado petista Cândido Vaccarezza, líder dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016) na Câmara dos Deputados, fez exame de corpo-de-delito no IML (Instituto Médico Legal) de Curitiba (PR) na manhã desse sábado. De acordo com as investigações da força-tarefa, o ex-parlamentar é suspeito de ter embolsado 500 mil dólares em propinas, no âmbito de uma parceria entre a Petrobras e a empresa norte-americana Sargent Marine.
Depois de passar pelo procedimento protocolar nos casos de detenção, ele voltou para a carceragem da PR (Polícia Federal) na capital paranaense. Vaccarezza foi preso na sexta-feira como principal alvo da Operação Abate, 44ª fase da Operação Lava-Jato. O mandado de prisão temporária prevê que ele fique preso até cinco dias. O operador financeiro Henry Hoyer de Carvalho e o ex-gerente da Petrobras Márcio Albuquerque Aché Cordeir também passaram por exames neste sábado.
A influência de Vaccarezza na estatal petroleira teria resultado na celebração de 12 contratos, entre 2010 e 2013, com a Sargeant Marine no valor de aproximadamente 180 milhões de dólares. “As evidências indicam, ainda, que a sua atuação ocorreu no contexto do esquema político-partidário que drenou a Petrobras, agindo em nome do PT”, frisou um comunicado do MPF (Ministério Público Federal).
A empresa estrangeira, que fornecia material asfáltico para a Petrobras, foi citada na delação do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa. Durante as ações de busca e apreensão, autorizadas por Sergio Moro, a PF apreendeu na casa de Vaccarezza 122 mil reais em espécie, amarrados em rolos de notas de 100 e de 50 reais. O ex-deputado não conseguiu explicar a origem dos recursos.
Trajetória
Cândido Vaccarezza, 61 anos, foi duas vezes deputado estadual em São Paulo e outras duas deputado federal. Nos quatro mandatos era filiado ao PT. Em Brasília, foi líder do governo dos ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff. Ganhou fama de articulador hábil e ecumênico, com trânsito nas banc adas de partidos que tradicionalmente fazem oposição ao PT. Vaccarezza ganhou espaço nas articulações do PT em Brasília a partir do vácuo provocado derrocada do ex-ministro José Dirceu, com o escândalo do mensalão, em 2005.
Apesar da carreira política construída em São Paulo, Vaccarezza nasceu em Senhor do Bonfim (BA), onde iniciou a militância política na UNE (União Nacional dos Estudantes). Formado em medicina pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), ele atuou nos primórdios do PT baiano e migrou para São Paulo na década de 1980, a fim de fazer a residência médica.
A partir dos anos 2000, passou a exercer cargos eletivos. Ex-secretário da Cultura Esportes e Lazer de Mauá (SP), Vaccarezza chegou à Assembleia Legislativa como suplente. Em 2001, assumiu cadeira na Casa em razão de parlamentares petistas que ocuparam secretarias na gestão de Marta Suplicy na prefeitura de São Paulo. Em 2002, conquistou a vaga de titular nas urnas e se elegeu deputado estadual nos pleitos de 2006 e 2010.
O seu fracasso nas urnas em 2014 acelerou o distanciamento em relação ao PT e ampliou as críticas dirigidas pelo político ao governo de Dilma Rousseff (2011-2016). Ele deixou o partido no ano passado, após mais de três décadas de militância. Em seguida, anunciou apoio ao candidato do PRB à prefeitura paulistana, Celso Russomanno. Disposto a reconquistar o mandato, Vaccarezza filiou-se ao PTdoB e assumiu o diretório estadual da legenda, que recentemente mudou a sua denominação para Avante.
