Quinta-feira, 20 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2017
Nessa quarta-feira, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava-Jato, o ministro Antonio Palocci acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de comandar um esquema de recebimento de propinas da empreiteira Odebrecht. A corrupção, segundo ele, teria beneficiado o governo de Lula (2003-2010) e o da então presidenta Dilma Rousseff (2011-2016).
De acordo com Palocci, o pecuarista José Carlos Bumlai (amigo do líder petista) o contatou, afirmando que procurava um local para o Instituto Lula. “Muita gente fala em terreno, mas era um prédio, que ele ia cuidar disso e que pediu apoio ao Marcelo Odebrecht [então presidente da maior empreiteira do País] para que ajudasse a pagar o valor”, afirmou o ex-ministro.
O advogado Adriano Bretas, contratado por Palocci para negociar um acordo de delação premiada, mencionou “um pacto de sangue e um pacote de propinas”, que incluiu o pagamento de um imóvel, um sítio e 300 milhões de reais que paulatinamente foram disponibilizados de acordo com uma planilha entregue pela empreiteira.
De acordo com Tracy Reinaldet, outro advogado de defesa de Palocci, o acordo foi feito na transição entre o segundo governo de Lula (2007-2010) e o primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2016). Ele mencionou a existência, na época, de um “temor” interno na empresa de que a relação com o governo federal a partir da eleição da petista não se mostrasse vantajosa como a verificada na gestão de Lula.
Questionamento
Por meio de nota divulgada nessa quarta-feira, o advogado Cristiano Zanin Martins, defensor do ex-presidente Lula, declarou que Palocci “muda depoimento em busca de delação, com declarações contraditórias com as oitivas de outras testemunhas, réus, delatores da Odebrecht, bem como em relação a provas apresentadas no processo.
“Preso e sob pressão, Palocci negocia com o Ministério Público um acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula. Como Léo Pinheiro e Delcídio, ele repete o papel de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena”, diz o texto.
“Só se compreende isso dentro da situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sérgio Moro que busca negociar com o Ministério Público e com o próprio magistrado um acordo de delação premiada exigindo que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula”, acrescentou a nota.
Ainda segundo a defesa do líder petista, Palocci “emite frases e expressões de efeito”. Dentre elas estaria “pacto de sangue”, que inclusive teria sido rabiscada em folhas levadas pelo ex-ministro na audiência. “Após cumprirem este papel, as delações informais de Delcídio do Amaral e Léo Pinheiro foram desacreditadas, inclusive pelo próprio Ministério Público”, frisou o advogado de Lula.