Segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de maio de 2019
O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro disse em seu acordo de delação premiada que foi pressionado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a construtora baiana contratasse a empresa do marido de Rosemary Noronha, que foi assessora especial do petista e trabalhou com ele durante décadas. Rosemary Noronha é próxima de Lula desde o fim dos anos 1980. Ela cuidava da conta bancária do petista quando ele era sindicalista e foi chamada por ele para assessorá-lo no PT e no governo federal.
Em 2012, ela foi alvo da Operação Porto Seguro, que investigou um esquema de venda de pareceres de órgãos públicos a empresas privadas. Na ocasião, Rosemary era chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo. Léo Pinheiro afirmou em sua delação que, em 2012, o executivo Ricardo Flores, então presidente da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), lhe pediu para que a OAS contratasse a New Talent Construtora, empresa de João Vasconcelos, marido de Rosemary Noronha, para obras da Invepar, empresa controlada pela construtora baiana. A Previ era sócia da OAS na Invepar.
O ex-presidente da OAS disse que repassou a orientação para Carlos Henrique Lemos, então superintendente da empreiteira em São Paulo. A New Talent Construtora foi contratada para as obras de duplicação da rodovia Raposo Tavares, feitas pela Cart (Concessionária Autoestrada Raposo Tavares). A Cart pertence à Invepar, que reúne os investimentos da OAS na área de transportes. Os serviços realmente foram prestados pela New Talent Construtora.
Em 2014, segundo Léo Pinheiro, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, disse para ele que a New Talent havia tido prejuízo no contrato com a OAS e por isso pediu que a construtora desse nova oportunidade para a empresa do marido de Rosemary. Léo Pinheiro disse, em depoimento, que novamente conversou com o diretor Carlos Henrique Lemos para que a New Talent fosse mais uma vez contratada pela OAS. Mas a contratação demorou.
O ex-presidente da OAS disse que em outubro de 2014, em um encontro com Lula e Okamoto no Instituto Lula, ele foi pressionado pelo ex-presidente da República, que teria se mostrado profundamente irritado com a demora na contratação e disse para que esquecessem o pleito. Carlos Henrique Lemos foi cobrado novamente por Léo Pinheiro, segundo a delação. Em 5 de novembro de 2014, o então presidente da OAS reuniu-se com Rosemary e João Vasconcelos e, antes do fim do ano, a New Talent assinou contratos com a companhia baiana para realizar obras num empreendimento de revitalização da favela do Real Parque, na zona sul da capital paulista. A reportagem apurou que a New Talent recebeu da OAS mais de R$ 1,8 milhão pelos contratos.
Léo Pinheiro foi preso pela primeira vez em 14 de novembro de 2014, pela Lava-Jato. Em abril de 2015, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu a ele prisão domiciliar. O ex-juiz Sérgio Moro, no entanto, voltou determinar sua prisão em setembro de 2016, acusando-o de obstrução de Justiça. Em dezembro de 2018, Léo Pinheiro assinou acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República). O acordo espera a homologação do ministro Edson Fachin, responsável pelos processos da Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal). Lula está preso desde abril de 2018, após condenação em segunda instância pelo caso do triplex de Guarujá (SP).