O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerra nesta quarta-feira (28), em Curitiba (PR), a agitada caravana pelo Sul do Brasil, durante a qual dois ônibus de sua comitiva foram alvos de tiros. A presença da polícia foi intensificada na capital paranaense, para onde também irão grupos de direita e seguidores do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL).
“Espero que nós tenhamos segurança, que a polícia nacional e estadual, a inteligência possam cumprir seu papel para que, assim, a gente possa fazer uma manifestação pacífica e democrática como sempre tivemos”, disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A senadora fez estes comentários depois dos tiros efetuados na noite de terça-feira contra dois dos três ônibus da comitiva.
Um dos veículos, que transportava jornalistas, foi atingido por disparos, e outro, com convidados do PT, também foi alvejado. Lula e Gleisi viajavam no único veículo que saiu ileso do ataque, segundo a legisladora. Ninguém se feriu.
Os críticos de Lula hostilizaram a sua comitiva durante seu trajeto de dez dias pelos três Estados do Sul. Os protestos não deram trégua. “A nossa caravana está sendo perseguida por grupos fascistas. Já atiraram ovos, pedras. Hoje deram até um tiro no ônibus”, relatou Lula em sua conta no Twitter.
Antes do incidente, Bolsonaro, segundo pré-candidato mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de outubro, atrás de Lula, havia cumprimentado os ativistas que organizaram atos contra o petista, a quem chamou de “bandido”. O Sul do Brasil é uma região hostil ao ex-presidente e, segundo meios de comunicação, vários assessores o desaconselharam a se lançar nesta caravana.
Lula e Bolsonaro
Bolsonaro desafiou Lula na segunda-feira a mostrar “quem mais leva o povo na rua de graça”. Seus simpatizantes vão recebê-lo no aeroporto de Curitiba, de onde parte para Ponta Grossa (a 115 km de Curitiba), para participar de um ato político.
Apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto, Lula deve ter a candidatura invalidada por ser ficha suja, após ter tido confirmada a condenação a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
O MBL (Movimento Brasil Livre), muito ativo nos protestos que acompanharam o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016, convocou uma passeata até o Parque Barigui, a menos de um quilômetro de outra praça, a Santos Andrade, onde será celebrado um ato do PT. “Há risco de confrontos”, disse o consultor e cientista político Paulo Mora, que percebe uma radicalização crescente no País.
A própria Dilma Rousseff expressou o temor de um “banho de violência” durante a campanha. Os adversários de Lula sentiram-se frustrados depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu a prisão do ex-líder sindical até pelo menos 4 de abril, quando os ministros devem decidir se ele tem o direito a apelar em liberdade aos máximos tribunais da sentença de mais de 12 anos de prisão. “Pelo que se viu das hostilidades entre esses movimentos no Sul, se o Lula não for preso, nós teremos uma campanha marcada pela violência”, afirmou Paulo Mora.
É em Curitiba que atua o juiz federal de primeira instância Sérgio Moro, impulsionador da operação Lava-Jato, que desvendou um gigantesco esquema de corrupção montado na Petrobras. As investigações levaram para a prisão altos empresários e políticos de todas as tendências.
