Domingo, 26 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2019
O governo disse que “ataques” levaram à decisão de cancelar viagem do presidente a Nova York, mas foram as declarações do próprio Bolsonaro que reforçaram a reputação internacional de “homofóbico”, “misógino” e “machista”, e ampliaram a pressão contra a homenagem que ele receberia nos Estados Unidos. O cancelamento da viagem teve repercussão internacional e pode afetar imagem da economia brasileira, segundo o jornal The New York Times.
O diretor do Citigroup, Michael Corbat, apareceu visivelmente constrangido na TV americana durante a semana para tentar explicar por que o banco continuava apoiando financeiramente a homenagem que Jair Bolsonaro receberia em Nova York – que via vários patrocinadores cancelarem sua relação com o evento em meio a grande controvérsia.
“Passamos muito tempo certificando-nos de que nossos funcionários entendam os valores de nossa empresa, e espero que, no caso disso, não haja dúvida em termos de nosso apoio, nosso apoio inabalável, para nossa comunidade LGBT”, disse Corbat. “Lá [no Brasil], estamos apoiando a Câmara de Comércio Brasileira. Nós operamos no Brasil por muitas, muitas décadas, e eu acho que estamos muito claros em termos de nossa postura.”
A resposta mostra o forte impacto internacional das declarações recentes do presidente brasileiro a respeito de não querer que o Brasil se tornasse um destino de turismo gay. A postura de Bolsonaro teve grande repercussão internacional e foi vista como uma confirmação de sua postura homofóbica, e foi este o ponto que acabou ampliando a pressão contra a homenagem a ele em Nova York.
Na noite de sexta-feira (03), Bolsonaro cancelou a viagem que faria para receber o prêmio “Pessoa do Ano”, oferecido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Em nota, o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que o cancelamento se deve aos “ataques” feitos pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, do Partido Democrata, a Bolsonaro. A questão, entretanto, é que foram as declarações públicas do próprio presidente que ampliaram sua imagem negativa no resto do mundo, e não o que o governo vê como “ataques”.
Em quase todas as reportagens sobre o presidente na imprensa internacional, as declarações de Bolsonaro são tratadas como “homofóbicas”, “misóginas” e “racistas”. Por mais que o próprio Bolsonaro tenha revelado desconforto com esta imagem internacional de “ditador”, o presidente continua dando declarações que reforçam esta percepção internacional, como aconteceu no caso da sua rejeição à ideia do turismo gay no Brasil.