Domingo, 26 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de outubro de 2017
Agora é oficial: “Polícia Federal – A lei é para todos”, de Marcelo Antunez, é a maior bilheteria nacional de 2017, com 1,2 milhão de ingressos vendidos. Em sua quarta semana em cartaz, ultrapassou o longa “Detetives do Prédio Azul” (1,1 milhão).
A renda acumulada de “Polícia Federal”, que conta os bastidores da Operação Lava-Jato, é de R$ 19 milhões. O orçamento do filme é estimado em R$ 16 milhões, financiado por patrocinadores privados que não tiveram seus nomes revelados.
O filme de Antunez teve a maior bilheteria de estreia nacional do ano, vendendo 470 mil ingressos nos primeiros quatro dias de exibição.
A comédia “Minha mãe é uma peça 2”, estrelada por Paulo Gustavo, segue sendo um dos maiores fenômenos de bilheteria do cinema brasileiro recente (levou 9,3 milhões de pessoas às salas), mas estreou no fim de 2016.
Crítica
Os críticos do filme foram diretos: com orçamento milionário e elenco de globais e ex-globais, o filme exagera no tom de exaltação da Operação Lava-Jato. O resultado é que, em vários momentos, se assemelha a uma peça de propaganda.
A cena lembra uma daquelas peças institucionais que os funcionários da firma são obrigados a assistir de tempos em tempos. Neste caso, a produção custou R$ 16 milhões.
O diretor Marcelo Antunez cita “Spotlight”, vencedor do Oscar de melhor filme de 2016, como principal referência. Mas só conseguiu mesmo sugar os defeitos do filme: personagens sem complexidade e uma trama na qual bem e mal estão muito bem definidos.
A produção assume um partido desde o título: o partido da polícia. A ação é comandada por um trio de delegados determinados a prender políticos corruptos e passar o país a limpo.
O protagonismo dos homens de preto é tanto que os procuradores da força-tarefa e o juiz Sérgio Moro, representado pelo galã Marcelo Serrado, ficam relegados a papéis secundários.
O filme adota tratamento desigual até na apresentação dos personagens. Políticos e empreiteiros aparecem com nomes reais, como Lula e Marcelo Odebrecht. Os investigadores são protegidos por pseudônimos, embora alguns pareçam clones dos originais.
Os diálogos patinam em clichês como “a corrupção chegou aqui com as primeiras caravelas” e “o sistema é feito para não funcionar”.
Os trechos que se salvam são os que contam como uma apuração corriqueira, com foco na ação de um doleiro, abriu caminho para a descoberta de um gigantesco esquema de corrupção na Petrobras.
“Polícia Federal” tem edição ágil e boas cenas de ação. Somados ao interesse em ver a Lava Jato virando ficção na tela, esses elementos devem atrair público considerável. Assim esperam os investidores – todos privados -, que não revelam seus nomes.
O filme também acerta ao priorizar locações originais – o que certamente só foi possível graças ao apoio da própria Polícia Federal. Aparecem nas cenas a área externa da sede da corporação em Curitiba e o Salão Presidencial anexo ao Aeroporto de Congonhas, onde Lula foi ouvido após a condução coercitiva.
O didatismo, às vezes incômodo para quem se considera por dentro do assunto, é recurso inevitável para explicar ligações complicadas, como as relações entre os traficantes do caminhão de palmito com doleiros, e desses doleiros com empreiteiras e a Petrobras.
O que entrou na história