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Por Redação O Sul | 24 de fevereiro de 2019
O governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), anunciou neste domingo (24) que decretou estado de calamidade na saúde pública do Estado. Ele também relatou cortes diários de energia elétrica. Segundo Denarium, a decisão de decretar estado de calamidade foi tomada após o agravamento dos conflitos na Venezuela, que resultou no aumento do número de feridos que são removidos para hospitais do Estado.
“Nós já estávamos com a situação crítica na saúde aqui em Roraima e, com a onda de violência na Venezuela, essa crise se agravou mais ainda”, afirmou em coletiva de imprensa. O decreto já foi assinado e deverá ser publicado na edição desta segunda-feira (25) do Diário Oficial do Estado.
“Nós vamos decretar estado de calamidade pública na saúde de Roraima para que a gente possa ter a possibilidade de fazer compras emergenciais de medicamentos e material médico-hospitalar”, acrescentou Denarium.
Somente nas últimas 36 horas, 18 feridos deram entrada no HGR (Hospital Geral de Roraima), em Boa Vista, com ferimentos por arma de fogo. Desse total, 13 tiveram que passar por cirurgia e estão internados em UTIs (unidades de terapia intensiva).
O governo também analisa a possibilidade de contratar leitos hospitalares privados, caso aumente a demanda por internação. No HGE, principal hospital do Estado, já não há mais disponibilidade de UTI nem de leitos.
Remoção
O governador informou também que o Exército disponibilizou sete ambulâncias para fazer a remoção de pacientes de Pacaraima, cidade que fica na fronteira com a Venezuela, para Boa Vista. Equipes médicas também foram reforçadas no Hospital de Pacaraima, que não tem estrutura para atendimentos de alta complexidade. Plantonistas estão de prontidão em Boa Vista caso a demanda na saúde aumente ainda mais nos próximos dias.
O vice-governador de Roraima, Frutuoso Lins, que é médico, informou que os feridos que têm chegado ao HGR são, na sua maioria, vítimas graves de tiros de fuzil, que exige um tratamento mais intenso do que feridos por armas de fogo simples. “É uma novidade para gente tratar ferida de arma de fogo por fuzil, que é muito diferente de tratar ferida por arma comum, como [revólver] 38 ou 380. É um ferimento muito mais grave e denota um uso do sistema de saúde muito mais intenso”, afirmou.
Energia elétrica
O governador de Roraima, Antônio Denarium, afirmou ainda que foi determinada a urgência na construção do linhão de Tucuruí, que vai permitir interligar o Estado ao sistema elétrico nacional. Atualmente, o Estado depende do fornecimento de energia por parte da Venezuela e o agravamento da crise política no país vizinho tem prejudicado a oferta do serviço.
“Com esse agravamento da crise política na Venezuela, nós já estamos tendo alguns cortes durante o dia, do fornecimento [de energia]”, afirmou. Segundo ele, em uma reunião por videoconferência com o presidente Jair Bolsonaro, na última sexta-feira, ficou acertado a prioridade dos investimentos no setor, para que o Estado deixe de depender da compra de energia da Venezuela.
“Já teve um alinhamento, por parte do governo de Roraima, com o presidente Bolsonaro, sobre a construção do linhão de Turcuruí. Fizemos uma reunião e ficou determinada a urgência”, informou.
Roraima é o único Estado que não está interligado ao sistema elétrico nacional. Desde julho de 2001, grande parte, incluindo a capital, Boa Vista, é suprida por energia elétrica proveniente da Venezuela, por meio de um sistema de transmissão situado parte em território venezuelano, parte em território brasileiro.
O contrato da Eletronorte com a Corpoelec, empresa encarregada do setor elétrico na Venezuela, prevê o fornecimento de até 200 megawatts (MW) para a empresa de distribuição de energia local, Eletrobras Distribuição Roraima. O prazo final do contrato é 2021 e, até o momento, a empresa não manifestou interesse em renová-lo. Desde 2010, a Corpoelec passou a reduzir o montante de energia exportada, trazendo dificuldades ao atendimento do mercado do Estado de Roraima.
Fronteira
Antônio Denarium destacou que, com o fechamento da fronteira terrestre entre os dois países, determinada pelo presidente do país vizinho, Nicolás Maduro, cerca de 2 mil brasileiros que vivem na região de Santa Elena do Uiarén, cidade que fica do lado venezuelano, estão retidos. Ele disse, entretanto, ter informações de que poderá haver uma reabertura parcial da fronteira nos próximos dias.
“Temos informação do Exército de que provavelmente a fronteira será aberta para a passagem de pedestres. Não temos informação, ainda, da abertura, por parte da Venezuela, para a passagem dos caminhões”, disse.
Segundo o governador do Estado, o fluxo diário de imigrantes venezuelanos para o Brasil, a partir da fronteira de Pacaraima, era de cerca de 500 pessoas, antes do fechamento do acesso.