Domingo, 14 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de outubro de 2019
Após receber o Cpers-Sindicato, o governador Eduardo Leite recebeu, na tarde desta quarta-feira (9), no Caff (Centro Administrativo Fernando Ferrari), representantes da Fessergs (Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado) e de sindicatos ligados à entidade para apresentar a reforma estrutural do Estado. Nesta quinta-feira (10) ele deverá se reunir com representantes do funcionalismo ligado à segurança pública.
“O papel legítimo de vocês é defender os interesses dos seus representados. O do governo é encontrar a média entre os de vocês com o que quer todo o Estado. Ou seja, olhar a floresta sem desprezar as árvores, entre elas, os servidores públicos estaduais”, afirmou Leite, abrindo a reunião com a Fessergs.
“Como cidadãos, para além de servidores, vocês também querem um Estado melhor para viver, e isso implica menores custos de vida, com menores impostos, melhores estradas e serviços públicos. Para conseguirmos entregar isso, precisamos retomar a capacidade de investimento do Estado, e isto está diretamente ligado à redução do gasto com pessoal, que representa 82% da despesa liquidada até agora (em 2019)”, acrescentou o governador.
Outros dados que compõem o complicado cenário fiscal do governo gaúcho foram apresentados. Como que para cada servidor ativo no RS há 1,63 aposentado ou pensionista, o que compromete o sistema previdenciário. Com base nisso, a reforma estrutural em construção envolve:
– Previdência: revisão das alíquotas e bases de cálculo; regras federais de idade mínima e tempo de contribuição
– Contenção da despesa vegetativa: avanços, triênios e adicionais por tempo de serviço; incorporação de funções gratificadas; redução da gratificação de permanência e abono de incentivo à permanência no serviço ativo
– Cargos comissionados: 20% dos cargos bloqueados; menos de 2% da despesa total
– Isenções e benefícios fiscais: ampla transparência seguindo a legislação; revisão dos benefícios com base em estudos econômicos de impacto
– Programa Receita 2030: reforma tributária e novos parâmetros de relacionamento com o contribuinte
Além das medidas fiscais que envolvem o funcionalismo estadual, incluindo o Executivo e os demais Poderes, o governador apresentou algumas das mudanças focadas nos servidores civis. Visando a modernização das políticas de gestão de pessoal, o governo está propondo melhorias no abono família, desburocratização da perícia médica, férias em três períodos, redução no abatimento do vale-refeição, banco de horas, possibilidade de redução de carga horária a pedido do servidor, inclusão da possibilidade de teletrabalho e regulamentação de afastamentos para pós-graduação, entre outras.
O impacto fiscal previsto, no período de 10 anos, é de R$ 25 bilhões – o que representaria a venda de três Banrisul. “É uma mudança necessária para garantir o futuro do Estado, e não algo que resolveria apenas o meu governo”, destacou Leite, que esteve acompanhado do vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, do secretário da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso, da secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, do chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, e do procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa.
Apontamentos e dúvidas iniciais foram discutidos após a apresentação das principais medidas que o governo está propondo. Ao final do encontro, a Fessergs e os representantes de sindicatos ligados à entidade receberam a apresentação com a síntese dos principais pontos. A partir da próxima semana, o governo vai se reunir novamente as entidades para coletar sugestões às medidas. O Executivo também disponibilizou o conteúdo apresentado em seu site.
Mobilização
Após a apresentação da proposta, os servidores prometeram mobilização e pressão, inclusive com deputados.
“Propostas do governo acabam com o serviço público que conhecemos”, afirmou o presidente da Fessergs, Sérgio Arnoud, ao fim do encontro. Na sexta-feira (11) as entidades se reúnem para avaliar cada ponto. Já na próxima semana um novo encontro com o governador deve ser agendado.
“Sabemos da situação do Estado, mas retirar gratificações e aumentar os descontos da Previdência de quem não tem reajuste há cinco anos é triste. Vamos até o limite de todos as formas de diálogo. Não vamos esmorecer”, reiterou Arnoud. “Vamos nos mobilizar e pressionar o governo e os deputados.”