Quarta-feira, 08 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2020
Durante transmissão em redes sociais nesta terça-feira (8), o governador gaúcho Eduardo Leite disse que confia no Ministério da Saúde para conduzir o processo de vacinação contra o coronavírus no País, mas defendeu a necessidade de que a pasta federal mantenha uma comunicação permanente sobre os próximos passos. Ele também criticou a suposta politização do assunto.
A manifestação foi feita à tarde, após uma reunião on-line de três horas com colegas de outros Estados e o próprio Pazuello. E apesar do voto de confiança na capacidade do governo brasileiro para a aquisição e de distribuição das doses por meio do PNI (Programa Nacional de Imunizações), Eduardo Leite ressaltou que o Palácio Piratini não fugirá de sua responsabilidade se houver demora em uma tomada de decisão por parte do Executivo federal.
“Não faz sentido abrir disputa entre os Estados”, sublinhou. “No entanto, temos responsabilidade com 11,5 milhões de gaúchos e não fugiremos dela. Diante da politização de um tema que deve ser enfrentado com caráter eminentemente técnico, demos início a um processo de negociação diretamente com Instituto Butantan [de São Paulo] e já encaminhamos expediente manifestando interesse na aquisição de vacinas para os nossos profissionais de saúde.”
Na transmissão, junto com a secretária Arita Bergmann (Saúde), Leite resumiu os detalhes que recebeu durante a reunião. Por parte do governo federal, há um memorando de entendimento para aquisição da vacina britânica, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e cujo contrato prevê a 100 milhões de doses para o Brasil no próximo semestre (15 milhões em janeiro, 15 milhões em fevereiro e assim sucessivamente), a US$ 3,75 a dose.
“Tudo isso sendo feito com a transferência de insumos para a Fiocruz, que terá a capacidade de produzir, no segundo semestre, 160 milhões de doses da vacina”, prosseguiu Eduardo Leite. “Uma vez que a imunização demanda duas doses, estima-se que haja, nesta leva, vacinas suficientes para 80 milhões de brasileiros, de acordo com os grupos prioritários já definidos pelo Ministério da Saúde.”
Consórcio
Além disso, o Brasil faz parte de um consórcio entre países, o Covax Facility, que reúne nove farmacêuticas e tem a participação da OMS (Organização Mundial da Saúde). O Ministério da Saúde também tem um memorando de entendimento por meio da adesão ao processo de desenvolvimento da vacina que prevê a aquisição de outras 42 milhões de doses.
Para que quaisquer uma dessas vacinas sejam aplicadas na população brasileira, é preciso que sejam registradas e aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A Oxford-AstraZeneca e a Coronavac (chinesa), ambas produzidas pelo Butantan, vinculado ao governo de São Paulo, já estão em fase de entrada de documentação para registro. O prazo de aprovação pode ser de até 60 dias.
“Há um esforço técnico, por parte do Ministério da Saúde, para adiantar esse registro e fazer a liberação mais rapidamente”, acrescentou. “Vale lembrar que a Anvisa tem uma responsabilidade técnica, afinal, será aplicada uma vacina em milhões de brasileiros. A responsabilidade da Anvisa é muito grande e é preciso fazer uma análise criteriosa de toda a documentação e de toda a garantia de segurança.”
“O ministro deixou muito claro que comprará todas as vacinas certificadas pela Anvisa, conforme a demanda”, finalizou o governador gaúcho. “Ou seja, na necessidade e na possibilidade, do ponto de vista logístico, de distribuir essas vacinas, todas que tiverem registro poderão e serão adquiridas pelo Ministério. Entendo particularmente que a manifestação foi satisfatória no sentido de deixar claro que o governo federal coordenará esse processo de aquisição no âmbito do PNI.”
Comunicação
A secretária Arita Bergmann destacou a importância de o governo federal reforçar a comunicação no sentido de tranquilizar a população:
“É evidente que todos estão com a expectativa de que o Ministério da Saúde possa o mais breve possível comunicar qual será o cronograma de distribuição. Esperamos que o ministério nos diga exatamente quantas doses teremos à disposição para podermos organizar, no Estado, a distribuição desses insumos para que cheguem na ponta”.
Embora ainda não haja uma data definida para a chegada das primeiras doses de uma vacina contra a Covid-19, a Secretaria da Saúde está preparando um plano de vacinação que prevê o fluxo desde o laboratório produtor até a sala de vacinas. A imunização, inicialmente, será destinada a populações prioritárias definidas pelo PNI.
(Marcello Campos)
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